I SÉRIE — NÚMERO 107
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A Sr.ª Carla Barros (PSD): — … oportunista e demarca-se, Sr. Ministro, porque isto pode levar o País…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada, tem de concluir.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — … a uma situação pouco cautelosa que vai prejudicar os portugueses, a
Administração Pública e os próprios trabalhadores.
Sr. Ministro, queria apenas dizer o seguinte: estamos do lado do combate à precariedade…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada, fiz-lhe um aviso para concluir a sua intervenção.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — … não estamos do lado da sua ideologia.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Faça favor de concluir.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Concluí, Sr. Presidente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — Estão cada vez melhor! Sempre a subir!
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira,
de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Depois desta intervenção do PSD, fiquei baralhado, mas não estranhei. São contra a precariedade, mas vão
votar contra esta proposta.
Protestos do PSD.
De facto, as opções políticas assentes no trabalho sem direitos, que, aliás, marcaram a política do anterior
Governo, representam elementos decisivos para a generalização da precariedade laboral, para a degradação
das condições de trabalho e para a fragilização dos direitos laborais.
E falar de precariedade laboral é falar de relações laborais à margem da lei, de atropelos aos direitos de
quem trabalha, da violação de direitos fundamentais, é falar da degradação das condições de trabalho e é falar
do aumento dos níveis de exploração.
Estes são os factos, porque os números são ainda mais cruéis: no nosso País, 1,2 milhões de pessoas
trabalham com vínculo precário; contratos a termo grosseiramente ilegais; recibos verdes que apenas disfarçam
um suposto regime de prestação de serviços; eternas bolsas de investigação que mais não visam do que
perpetuar a precariedade; e contratos de trabalho temporário, em claro confronto com as mais elementares
regras do direito do trabalho, porque nada têm de temporário.
É um retrato de mentiras, de falsidades e de simulações que o Governo PSD/CDS multiplicou com o propósito
de enganar as estatísticas do desemprego, de institucionalizar o trabalho sem direitos e de acentuar a
exploração de quem trabalha.
Mas é também um retrato de intervalos, porque os períodos de precariedade, curtos ou longos, intervalavam
invariavelmente com períodos de desemprego: um mês precário, uns meses sem trabalho. Foi este o ritmo que
o Governo anterior impôs aos jovens que não seguiram o conselho do Deputado Pedro Passos Coelho, de
procurar conforto fora do País.
E mais grave: foi o próprio Estado a dar o exemplo em matéria de precariedade, que as empresas,
naturalmente, haveriam de seguir e aproveitar.