I SÉRIE — NÚMERO 6
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Mas o populismo não se fica por aqui, vai um bocadinho mais longe. O regime de expulsão em nada mudou.
O que foi alterado foi uma densificação do artigo 135.º da Lei, como todos os pareceres técnicos reconhecem,
sublinhando também o que é evidente — e que deveria sê-lo para todos: o Estado português está vinculado às
convenções internacionais que subscreve, convenções internacionais essas que garantem, em muitas
circunstâncias, que a expulsão não pode ter lugar quando existem familiares. Ee essa expulsão que o Sr.
Deputado propõe que se reintroduza foi votada e aprovada na especialidade por unanimidade, ou seja, por todos
os partidos aqui representados.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Portanto, é falta de coerência, falta de memória ou uma mistura das
duas, muito pouca virtuosa.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado, felizmente, o ridículo não mata, senão teríamos de ter ligado ao INEM —, devo dizer-lhe que
não há totalitarismo algum. Efetivamente, se o Sr. Deputado tivesse tido o trabalho de ler a legislação sobre a
CRESAP e sobre a nomeação de cargos dirigentes, muito facilmente constataria que, desde sempre, no artigo
25.º, uma disposição aprovada ainda no tempo da governação socialista, mas depois renovada no tempo da
governação do PSD e do CDS, se prevê, sempre e com particularidade, que é possível fazer cessar uma
comissão de serviço quando os dirigentes não seguem as orientações que são fixadas superiormente.
Aplausos do PS.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Porque, apesar de tudo, num Estado de direito democrático, Sr.as e Srs.
Deputados, é a vontade popular manifestada nas urnas, e que se traduz na composição do Parlamento e dos
governos que o suportam, que se fixam as orientações políticas, que pressupõem que os dirigentes tenham em
relação a elas dever de tradução e concretização.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado, por favor.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Sim, é verdade que o dirigente é selecionado por um processo que garante que ele cumpre os requisitos
técnicos para ser nomeado, mas isso não chega para o exercício de funções, quando, manifestamente, ele está
em desacordo e em contradição com o que, democraticamente — sublinho, democraticamente — os cidadãos
decidiram colocar na lei.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr.
Deputado António Filipe, do PCP.
O Sr. António Filipe (PCP) — Sr. Presidente, Sr. Deputado direitista José Cesário…
Risos.
Ficámos a perceber, pela sua intervenção, que o congresso do PSD já começou e, infelizmente, parece que
a competição será travada pela direita — lamentavelmente!