12 DE OUTUBRO DE 2017
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O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Porfírio Silva, estava a ouvi-lo falar e
estava a pensar que isto parecia um bocadinho o exercício das provas de aferição, isto é, como o Sr. Deputado
não se preparou para este debate, veio trazer aqui informação completamente irrelevante.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Responda em vez de ser insultuosa!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Deputado, não estou a ser insultuosa, Sr. Deputado. Insultuoso foi
o Sr. Primeiro-Ministro em relação aos professores.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Responda à pergunta!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — O ponto é o seguinte: para que não me diga que demorei dois anos a
perceber algumas coisas, vou explicar-lhe devagarinho para o Sr. Deputado não tenha de demorar quatro anos
a perceber outras.
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Agora devagarinho para ver se ouve!
A Sr.ª AnaRitaBessa (CDS-PP): — Se as provas não são levadas a sério, como foi o que aconteceu este
ano — os alunos foram estimulados nesse sentido pelo próprio Sr. Ministro da Educação, que dizia «não se
preparem», «não treinem», «não é preciso estudar», «não estudem para as provas globais que têm matéria do
ano todo», «não é preciso», «vai correr muito bem» —, e se as provas são más, geram informação que não é
útil. Todo um manancial de informação, esta informação que se gera das provas de aferição, não é fiável e,
como não é fiável, é um mau input para a definição de políticas públicas. Esse é o problema que temos agora
em cima da mesa, Sr. Deputado.
A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª AnaRitaBessa (CDS-PP): — Pode escolher olhar para isto e analisar assim ou pode viver noutro
mundo, de outra maneira, mas este é o problema que temos em cima da mesa.
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª AnaRitaBessa (CDS-PP): — O que é que acontece? No caso deste Ministério, parece que as provas
de aferição não servem para avaliar de facto o conhecimento dos alunos ou, se quiser, para aferir o
conhecimento dos alunos, servem para avaliar o desempenho dos professores. Se não fosse assim, não teriam
apresentado automaticamente como primeira medida um plano centralista de formação de professores.
Afinal, destas provas resulta, como consequência, que o que importa não é se os alunos sabem ou não
sabem, é se os professores estão ou não a ensinar, e quanto a isso tenho muitas dúvidas no que respeita à
eficácia deste género de políticas públicas.
Digo-lhe outra coisa, Sr. Deputado Porfírio Silva: acho que o Ministério foi estranhamente rápido a fazer sair
estes resultados. Teria ficado melhor a um Ministério que tanto promoveu a autonomia das escolas devolve-lhes
estes resultados e esperar que fossem estas a definir quais é que são os planos de recuperação apropriados,
em vez de, numa política centralista tão contrária aos discursos que ainda há pouco ouvimos, tomar uma decisão
por todas as escolas, de uma só vez.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita.