14 DE OUTUBRO DE 2017
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sem dono conhecido, criando incentivos quer ao associativismo, quer à gestão societária e agrupada, que
permitam dar também resposta às recomendações da Comissão Técnica Independente, na parte relativa ao
ordenamento e gestão da nossa floresta, página 163 do Relatório, cuja leitura atenta recomendo, principalmente
aos aficionados da liberalização da plantação do eucalipto.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Francisco Rocha (PS): — Todos estamos conscientes de que a inversão do abandono do território e
a revitalização da economia rural deverá assentar em políticas transversais e de longo prazo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Patrícia Fonseca, do CDS.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e
Desenvolvimento Rural, Srs. Secretários de Estado dos Assuntos Parlamentares e das Florestas e do
Desenvolvimento Rural: O CDS criticou, desde cedo, a forma como esta reforma florestal foi feita e teceu várias
críticas, em particular, relativamente à proposta do Governo que deu origem a este Decreto-Lei.
Neste sentido, apreciamos a oportunidade que o Bloco de Esquerda traz de voltarmos a discutir este tema
em sede de especialidade. Contudo, não concordamos, de todo, com grande parte das propostas que o Bloco
de Esquerda tem para as suas unidades de gestão florestal.
Quero frisar que concordamos com dois pontos essenciais desta apreciação parlamentar: primeiro, o facto
de o diploma deixar de fora a possibilidade de as associações florestais se constituírem como entidade de gestão
florestal — que, aliás, criticámos desde sempre —, porque ignora e desvaloriza o trabalho de décadas do
movimento associativo florestal e contraria, também, a própria exposição de motivos do Decreto-Lei, que refere
que se pretendem criar estímulos para que as entidades de gestão das ZIF (zonas de intervenção florestal)
possam evoluir para entidades de gestão florestal.
Segundo, entendemos também que o facto de o diploma não obrigar a que as áreas sob gestão sejam
contíguas ou, pelo menos, contínuas, não permite atingir os objetivos de incentivar a gestão conjunta, tão
essencial para um melhor ordenamento da floresta e sua rentabilidade.
Dou um exemplo: não faz sentido nenhum uma entidade de gestão florestal ter 20 ha de pequena propriedade
em Viseu, outros 20 ha em Mirandela, outros 10 ha em Leiria, e depois vai ter 50 ha completos em Évora e
constituir-se como entidade de gestão florestal. Em que é que isto contribui para o bom ordenamento da floresta?
Não faz sentido, Sr. Ministro!
Quanto a outro tipo de argumentos aqui citados, como a certificação florestal, entendemos que ela é um
caminho porque é o garante de uma floresta bem gerida e de uma melhor valorização da madeira.
Quanto à participação de fundos financeiros ou de grandes proprietários ou de empresas do setor, também
não temos preconceitos, porque entendemos que são bons exemplos de gestão florestal.
Em suma, entendemos que esta será uma oportunidade de melhorar o diploma do Governo. Esperamos que
por parte dos partidos de esquerda haja recetividade para avaliar com seriedade e isenção os contributos que
sejam dados e não apenas os seus, assim como da parte do Governo.
Aproveito para dizer que aguardamos com expetativa a discussão da proposta de lei, do Governo, sobre o
Estatuto dos Benefícios Fiscais, tão importante e complementar a este diploma, que foi adiado potestativamente
pelo Bloco de Esquerda e à qual o CDS já apresentou propostas de alteração.
Sr. Ministro, relembramos que, se este debate não for feito antes da discussão do Orçamento do Estado para
2018, estamos a «empurrar com a barriga», para 2019, os benefícios fiscais à floresta.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, em nome do Governo, tem a palavra o
Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.