I SÉRIE — NÚMERO 8
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É, portanto, um valor baixíssimo, e é baixo, a todos os níveis: é baixo quando comparado com o valor do
salário mínimo dos restantes países da União Europeia; é baixo, quando fazemos uma leitura das desigualdades
sociais no nosso País; e é baixo, a roçar até a insustentabilidade, quando olhamos para o custo de vida dos
portugueses.
De facto, a situação é desesperante para a generalidade das famílias portuguesas face ao nível do custo de
vida e do poder de compra com que vivem.
E não é necessário fazer grandes contas para se concluir que 557 € ilíquidos para um salário ainda que
mínimo é um valor demasiado baixo para que estejam asseguradas as necessidades básicas de cada um e de
cada uma das famílias que vivem com o salário mínimo nacional.
Acresce que a valorização dos salários em geral e o do salário mínimo nacional, em particular, além de
constituir um fator decisivo para uma justa distribuição da riqueza e para a melhoria das condições de vida de
quem trabalha, constitui, ainda, um elemento decisivo para a recuperação económica, para a dinamização da
procura interna e para a criação de emprego, que continua a ser urgente assegurar.
Neste contexto, Os Verdes consideram que se torna absolutamente imperioso colocar o valor do salário
mínimo nacional nos 600 € já a partir do início do próximo ano para, no futuro, se proceder aos aumentos anuais
respetivos ou ordinários.
É com esta convicção e com este propósito que Os Verdes apresentam a sua iniciativa legislativa para que
o Governo tome as medidas necessárias com vista a assegurar que, em janeiro do próximo ano, o valor do
salário mínimo nacional se situe nos 600 € mensais.
Resta agora esperar que as restantes bancadas nos acompanhem nesta justíssima proposta e que não se
refugiem na concertação social para a inviabilizar, porque esta Assembleia tem toda a legitimidade para decidir
sobre esta matéria.
É este o sítio certo para esta decisão!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Silva,
do PAN.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Dando cumprimento ao
compromisso assumido no nosso programa eleitoral para as últimas eleições legislativas, discutimos hoje um
projeto do PAN que visa o aumento do salário mínimo nacional para 600 € mensais, em janeiro de 2018.
Portugal é um dos países da Europa com um salário mínimo mais baixo, existindo vários países com salários
superiores a 1000 € mensais.
Em contrapartida, de acordo com dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico) referentes ao ano de 2013, Portugal só fica atrás da Grécia no ranking dos países que mais
trabalham na Europa, com quase 40 horas semanais, estando bem acima da média da União Europeia, que se
situa pouco acima das 37 horas. Dados da OCDE de 2016 revelam, ainda, que os trabalhadores portugueses
trabalham 1868 horas por ano, mais 102 horas que a média dos países da OCDE.
Assim, apesar de os trabalhadores portugueses serem dos que mais horas trabalham semanal e anualmente,
são também aqueles que auferem salários mais baixos, seja porque o salário mínimo nacional é dos mais baixos
da Europa, seja porque este acaba por condicionar o valor de todos os restantes salários, o que justifica que
tenha sido recentemente divulgado que Portugal é o país da União Europeia com um salário mínimo mais
próximo do salário médio.
Para o PAN é necessário conferir aos trabalhadores um pagamento justo pelo seu trabalho, aproximando o
salário mínimo português dos valores europeus.
Não podemos esquecer que o custo de vida em Portugal tem vindo a aumentar, devendo os salários auferidos
acompanhar essa evolução.
Para além disso, devemos sempre caminhar no sentido de melhorar as condições de trabalho existentes,
procurando ter trabalhadores mais felizes e motivados, sendo nosso entendimento que melhores vencimentos
contribuem para este facto, tendo também impactos significativos na dinamização das empresas e da economia
nacional.