I SÉRIE — NÚMERO 12
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esses danos não tenham de ser cobertos pelo mecanismo comunitário, em que a burocracia é pesada, mas
onde não temos margem de manobra para a poder aliviar.
Coloca o Sr. Deputado uma pergunta fundamental: se vamos sacrificar alguma das medidas constantes do
Orçamento do Estado para responder à emergência e às reformas de fundo. Não, nenhuma das medidas
adotadas para reposição do rendimento dos portugueses, para aumento do investimento ou para alívio da carga
fiscal será sacrificada para responder a este estado de emergência. Aí não haverá qualquer alteração no nosso
Orçamento do Estado.
Aplausos do PS.
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, respondendo à questão de fundo do ordenamento da floresta, nos primeiros
três meses de ação deste Governo, uma das primeiras medidas foi adjudicar, em fevereiro de 2016, os contratos
para a elaboração dos planos regionais de ordenamento da floresta (PROF), para que esta tivesse, efetivamente,
planos de ordenamento. Estão já em debate público, neste momento e até ao final do mês de novembro, os
PROF relativos a Lisboa e Vale do Tejo e ao Alentejo; estará, até ao início de dezembro, o do Norte; até final de
dezembro, o do Algarve; e até ao final do primeiro trimestre de 2018, o da região Centro. Os PROF estão a
avançar porque são a base do ordenamento da nossa floresta.
Já lançámos o primeiro concurso para os 50 vigilantes da natureza e estamos a lançar o segundo para
completar os 50 que tinham ficado inscritos no Orçamento do Estado.
Queria dizer-lhe, Sr.ª Deputada, com toda a franqueza, que o Eng.º Tiago Oliveira não é acionista nem tem
qualquer interesse na Navigator. É trabalhador da Navigator e é, sobretudo, alguém com um vasto currículo
profissional e cívico — desde bombeiro, a sapador florestal, a doutorado em gestão de risco e especialista em
gestão de incêndios —, é uma pessoa que tem, ao nível nacional e internacional, um prestígio à prova de bala
e cuja independência é, aliás, confirmada pela vasta bibliografia que está publicada e que atesta o seu
pensamento e a sua liberdade de pensamento.
Aplausos do PS.
Finalmente, gostaria de dizer que a missão que lhe foi confiada não foi a de gerir a floresta, foi a de gerir a
transição do modelo de prevenção e combate aos incêndios florestais, que é, precisamente, a sua área, a área
na qual fez uma tese de doutoramento, a área na qual tem trabalhado ao longo de toda a sua vida, a área na
qual tem vasta experiência académica, mas também experiência prática de quem foi bombeiro e também
sapador florestal. Por isso o escolhi e é por isso que confio nele para desempenhar esta missão.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — A Mesa regista mais duas inscrições para pedidos de esclarecimento, as do Sr.
Deputado André Silva, do PAN, e da Sr.ª Deputada Margarida Balseiro Lopes, do Grupo Parlamentar do PSD.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as Deputadas
e Srs. Deputados, estamos hoje, aqui, a pedido do CDS, para deliberar uma censura ao Governo pelas falhas
nos incêndios trágicos deste ano.
Sim, o Estado falhou. Falhou na aplicação dos objetivos estabelecidos na lei e nos diversos planos
concebidos, falhou no ordenamento florestal, esmagado pelas políticas do resultado imediato e do crescimento
económico — essa religião! Falhou um Estado que, nas últimas décadas, desinvestiu no País, destruiu o mundo
rural e pouco ou nada fez para conter o despovoamento e fixar pessoas nos territórios. Sim, o Estado falhou!
Tudo isto constitui o pressuposto para o CDS justificar a queda deste Governo. Não iremos entrar na estéril
discussão em torno do eventual oportunismo político do CDS sobre os sentimentos de dor e revolta de todos
nós. No lado oposto, também não consideramos que o facto de o CDS ter graves e enormes responsabilidades
na política florestal e ambiental pelo tempo em que foi Governo faça com que não tenha legitimidade para