I SÉRIE — NÚMERO 12
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e sem racionalidade económica, com a proliferação da monocultura das espécies de elevada inflamabilidade,
não há proteção civil capaz de resistir com eficácia a incêndios incontroláveis e devastadores. As últimas
situações que vivemos no nosso País demonstram-no claramente.
Aliás, este é o maior perigo que corremos, Sr. Primeiro-Ministro, o perigo de tudo continuar na mesma sempre
que é necessário proceder a mudanças demoradas e que confrontam interesses instalados, os que têm
beneficiado do caos que se vive em grande parte na floresta.
O relatório da Comissão Técnica Independente coloca, de facto, o dedo na ferida. Apenas 9,6% do território
florestal analisado esteve sujeito a ações de gestão ativa nos últimos cinco anos, em média, menos de 2% por
ano. Ora, isto significa grande parte da floresta ao abandono.
Sr. Primeiro-Ministro, não temos apenas de gerir os incêndios, temos de gerir, obrigatoriamente, a mudança
na floresta. É essencial mudar a floresta, sobretudo no minifúndio, como condição indispensável para diminuir
os incêndios.
Para isto, exige-se intervenção pública na floresta que tem de englobar a prevenção, o ordenamento, o
combate ao abandono e a gestão, de forma coordenada e integrada. Não é claro ainda que este seja o
compromisso do Governo. Receamos que não haja capacidade para enfrentar os interesses económicos dos
que continuam a beneficiar da situação na floresta.
Sr. Primeiro-Ministro, é este o compromisso real do Governo relativamente à situação da floresta?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, em nome do CDS-PP, tem a palavra o Sr.
Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, ouvindo-o a si e ao Grupo
Parlamentar do PS, ouvimos que é preciso reerguer, reconstruir, fazer o que tem de ser feito, mudar o que tem
de mudar, reparar o que tem de ser reparado, indemnizar já, e com urgência, as vítimas. Pois bem, Sr. Primeiro-
Ministro, a pergunta que, seguramente, qualquer português está, neste momento, a fazer é: onde é que os
senhores estiveram nos últimos quatro meses, para não dizer onde é que os senhores estiveram nos últimos
dois anos?
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Só agora é que se lembram que é preciso mudar? Só agora é que se
lembram que é preciso reerguer? Só agora é que se lembram que é preciso fazer o que tem de ser feito?
Sr. Primeiro-Ministro, o que é que fez perante a primeira tragédia de Pedrógão? Não fez nada!
Disse que não era o tempo, disse que respeitava o tempo. Pois bem, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor respeitou
o tempo da Ministra da Administração Interna, respeitou o tempo da Comissão Técnica Independente, respeitou
o tempo do Conselho de Ministros, só não respeitou o tempo dos portugueses que viram perder tudo num fim-
de-semana de outubro.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Primeiro-Ministro anuncia agora medidas, o CDS irá, também, anunciar as suas, mas há uma medida
com que eu o gostava de confrontar: o Sr. Primeiro-Ministro fala na falha do modelo da proteção civil. Sr.
Primeiro-Ministro, quem é que a fez em 2005? Foi o então Ministro da Administração Interna, António Costa. O
Sr. Primeiro-Ministro vai agora mudar o que fez e, sobretudo — é essa a pergunta —, vai mudar no sentido
daquilo que já tinha sido feito e que o senhor deixou na gaveta. O que é que mudou? As convicções ou a
oportunidade?
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Alves.