I SÉRIE — NÚMERO 16
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Todos sabemos que a dívida portuguesa é não, apenas, impagável, mas é uma bomba-relógio e, por isso,
adiar a escolha da reestruturação para ir pagando uma dívida impagável aos bocadinhos é como tentar
neutralizar a bomba envolvendo-a em celofane.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
votaremos hoje, na generalidade, o terceiro Orçamento do tempo desta maioria, e fazemo-lo com um País
melhor e com uma maioria que tem sabido encontrar caminhos sem abdicar das suas diferenças. Tenhamos,
portanto, a determinação de enfrentar todas as mudanças estruturais que o País pobre nos exige e assumamos
como critério a melhoria das vidas dos de baixo. Só pode ser esse o critério e esse é, por isso mesmo, o
compromisso do Bloco de Esquerda.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado
José Manuel Pureza, a Sr.ª Deputada Rubina Berardo.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Sr. Presidente, começo por cumprimentar os Srs. Membros do Governo e
as Sr.as Deputadas e os Srs. Deputados.
Antes de mais, quero dar os parabéns ao Bloco de Esquerda pelo facto de a intervenção do Sr. Deputado
José Manuel Pureza ter introduzido no léxico do Bloco de Esquerda a expressão «reforma estrutural».
Aplausos do PSD.
Mas quando olharmos especificamente para que reformas estruturais, convém ter em mente que ontem já
foi dada aqui a garantia, por parte do Bloco de Esquerda, de que iria votar favoravelmente o Orçamento do
Estado na generalidade.
Convém também recordar, fazendo uma pequena reflexão para trás, uma declaração da Sr.ª Deputada
Catarina Martins proferida há mais ou menos mês e meio: «Para o Bloco de Esquerda, antes do Orçamento do
Estado para 2018, temos de acabar os compromissos de 2017». Ora bem, quais são estes compromissos de
2017 que não estão a ser cumpridos? É que vemos aqui o cheque em branco que é dado pelo Bloco de Esquerda
a este Orçamento do Estado.
O Sr. Deputado José Manuel Pureza falou na questão fundamental de respeitar os trabalhadores. O que é
que o Bloco de Esquerda diz sobre o respeito devido aos trabalhadores independentes? O Bloco acaba por ser
cúmplice no pecado original cometido, por parte do Governo da República, relativamente aos recibos verdes e
também aos falsos recibos verdes. Os trabalhadores independentes acabam por ser ainda maiores vítimas com
este Orçamento do Estado, tal como está, que é um pecado original, repito, deste Governo da República.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — A estes trabalhadores independentes o Bloco não só não dá nada como
tira ainda mais.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Eis que o Governo socialista, para o seu terceiro exercício orçamental,
apresenta a Portugal mais um espetáculo de magia orçamental, mas todos os truques de magia são
desmontáveis à luz da racionalidade.
O Sr. Deputado referiu a questão do IRS, mas a verdade é que toda a ilusão dos alívios do IRS feitos por
este Governo, seja na sobretaxa, seja nos escalões, seja na CES (contribuição extraordinária de solidariedade),