22 DE DEZEMBRO DE 2017
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escorregadio, em momentos em que há dificuldade em atravessá-lo, não criaremos obstáculos às pessoas que
têm o direito fundamental de circular em segurança na rua e também apreciar a calçada que está na sua
envolvente.
Não é sempre fácil. Na gestão do espaço público, muitas vezes, esses problemas não são de simples
ultrapassagem, mas penso que conseguimos, simultaneamente, conservar o património e acautelar a segurança
das pessoas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
A Sr.ª TeresaCaeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostaria de começar por
cumprimentar os peticionários, na pessoa do primeiro subscritor, Paulo Marques dos Santos, pelo equilíbrio do
texto e pela oportunidade não só do tema mas também do consenso que foi gerado entre as várias bancadas
quanto à importância de olharmos para a calçada portuguesa.
De facto, foi assim que se gerou esta discussão em torno dos vários projetos de resolução apresentados
pelos grupos parlamentares e que têm como preocupação principal a preservação da calçada portuguesa,
também conhecido como «mosaico português».
Sendo consensual que a calçada portuguesa faz parte da identidade cultural e artística do nosso País e, em
especial, da capital, todos sabemos que a calçada deve ser valorizada, preservada e enaltecida enquanto
património único nacional e cultural.
Para além disso, a calçada portuguesa imprime às nossas cidades e vilas uma luz e beleza únicas, o que
constitui uma razão acrescida para que seja apreciada tanto pelos locais como pelos inúmeros turistas que nos
visitam diariamente e que encontram na calçada a razão para a luz que nos caracteriza.
Por outro lado, e como já foi inúmeras vezes enunciado, a calçada portuguesa contribui para uma melhor e
uma boa impermeabilização dos solos e um melhor escoamento das águas, além da retenção dos solos.
Ora, como todos também temos de reconhecer, há inúmeros problemas que estão associados à calçada
portuguesa. Desde logo, o piso escorregadio em más condições, as pedras soltas e desordenadas e também
as dificuldades que constituem para as pessoas com mobilidade reduzida, seja ela temporária ou permanente,
e para as pessoas com dificuldade de locomoção. Estamos, pois, a falar particularmente de pessoas cegas ou
amblíopes ou de pessoas que transportem carrinhos de crianças ou crianças pela mão. Estes são apenas alguns
dos exemplos que as pessoas enfrentam quando a calçada portuguesa não se encontra devidamente cuidada.
Também sabemos que grande parte desses problemas se deve, em larga medida, à falta de manutenção,
de reparação e de preservação desses pisos, ou por negligência dos responsáveis autárquicos, ou por falta de
profissionais especializadas para tal.
Assim, o CDS sempre defendeu aqui, no Parlamento, mas também na Câmara Municipal de Lisboa, a
revitalização da Escola de Calceteiros, abrindo concursos e cursos de formação para termos um número de
profissionais que possa manter e proporcionar a continuidade desta arte no nosso País.
Outra questão que também nos parece essencial é a classificação da calçada portuguesa, sendo que a
classificação como calçada artística deve, essa, sim, e em primeiro lugar, ser preservada e considerada
património nacional, garantindo, assim, a sua efetiva manutenção e preservação.
Para concluir, Sr. Presidente, temos de ter bem presente que a valorização e a preservação do património
histórico e cultural não podem ser alcançadas sem a intervenção e a participação ativa do poder local através
das autarquias, o que deve ser incentivado e apoiado pelo Governo.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª TeresaCaeiro (CDS-PP): — Mesmo para concluir, Sr. Presidente, dirijo uma palavra relativamente à
candidatura da calçada portuguesa, nas suas diferentes características artísticas e urbanísticas, a Património
Cultural Imaterial da Humanidade, da UNESCO: acompanharemos esta candidatura garantindo o nosso apoio
político e parlamentar para que tal seja uma realidade.