I SÉRIE — NÚMERO 34
30
Mas não foi só o PSD que ficou apreensivo com estas alterações. Também o Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras (SEF), num parecer que surgiu no Parlamento, quase que arrancado a ferros, diria, é absolutamente
cabal na condenação das soluções legislativas que foram encontradas.
Não existia necessidade, não existia oportunidade e muito menos mérito nestas alterações. Estas, aliás,
constituíram uma das expressões mais marcantes da deriva ideológica esquerdizante deste PS e da cedência
à pressão da extrema-esquerda.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Eh!…
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Sr. Presidente, sempre existiu neste Parlamento um amplo consenso
nestas matérias.
A lei atual foi proposta pelo Governo socialista, foi também aprovada pelo PSD e pelo CDS e essa maioria
de três quartos do Parlamento repetiu-se em 2015, aquando das primeiras alterações a essa mesma lei.
Esse consenso foi quebrado por estas alterações, cuja revogação agora propomos. Foram precisamente os
partidos que se opuseram a esta política legislativa em 2007 e em 2015 que conduziram o PS — quase diria por
uma coleira ideológica — a fazer umas alterações que, quando foram aplicadas, deram num caos que é, por
todos, conhecido.
A média de pedidos subiu exponencialmente, os serviços competentes que desaprovavam esta aplicação
confessaram-se impotentes para exercer cabalmente as suas funções. A isto acresceu uma situação gravíssima
no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras com a demissão da sua diretora e a denúncia pública de irregularidades
e até, eventualmente, de crimes no seu funcionamento.
Depois, veio o silêncio. Sobreveio uma cortina de fumo enroupada no funcionamento do sistema informático.
Neste momento, Sr. Presidente, Srs. Deputados, não é possível conhecer os números exatos dos pedidos
de autorização de residência que aconteceram de setembro até hoje, o que é extremamente negativo.
Com esta iniciativa, o PSD só pretende o regresso ao bom senso, mas também ao consenso que sempre
existiu nesta matéria até ao verão passado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para apresentar a iniciativa legislativa da autoria do CDS-PP,
tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostaria de dizer essencialmente
que a iniciativa legislativa do CDS pretende, à semelhança da que acabou de ser apresentada pelo Sr. Deputado
Carlos Abreu Amorim, em matéria de Lei da Nacionalidade, regressar à redação anterior à alteração que foi feita
em julho de 2017, data da última versão que foi proposta.
Pretendemos repor a versão anterior — esta é a primeira pergunta e a essencial — porquê? Porque, na
nossa opinião, a redação anterior era, de facto, uma redação correta, razoável, de bom senso, consentânea
com aquilo que se tem defendido no quadro da União Europeia,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … era uma redação cujos resultados eram elogiados não só no plano
nacional, como no plano internacional.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Tivemos, em matéria de nacionalidade, de imigração, de integração de
imigrantes, elogios em relação aos vários processos legislativos e aos seus resultados. Diria que, tendo o CDS
tido participação nessa matéria em vários processos legislativos, quase desde o início do século tivemos vários
diplomas consensualizados, quase sempre entre o CDS, o PS, o PSD, e não houve grande problema.