I SÉRIE — NÚMERO 40
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dos 2 minutos. Neste caso, o Sr. Deputado ultrapassou o triplo, o que peço que seja considerado como uma
exceção.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — O CDS a gerir é uma desgraça!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do Grupo Parlamentar do PCP, para pedir
esclarecimentos.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr. Ministro do
Planeamento e das Infraestruturas, sem prejuízo de uma outra apreciação crítica em momento próprio neste
debate, há questões concretas sobre as opções políticas da aplicação dos fundos comunitários que importa
colocar desde já.
No enunciado dos principais objetivos, na teoria, mais uma vez, todos estaremos de acordo. A questão é
quanto à estratégia e à planificação da sua aplicação e, nesse sentido, a alteração da estratégia errada que foi
prosseguida nos cinco últimos quadros comunitários de apoio exige, do nosso ponto de vista, duas ruturas
fundamentais.
Em primeiro lugar, é necessário passar de uma distribuição segundo o mercado, digamos assim, para uma
distribuição com o objetivo de corrigir as desigualdades no território e na sociedade, o que implica a definição
do volume de fundos distribuídos de uma forma que discrimine, efetiva, forte e garantidamente, as zonas do
interior e as áreas públicas dos serviços de saúde e de educação.
Tal implica a segunda rutura, que vai no sentido de rejeitar esta tendência para, diria, a privatização da política
que se tem vindo a verificar na aplicação, e mesmo na gestão, dos fundos comunitários. Deve ser a gestão
pública, isto é, a administração central e local, a conduzir de forma transparente as opções e prioridades neste
domínio e a aplicar a parte substancial destas verbas. Tem de ser o Estado a definir quais os territórios e as
áreas onde os fundos se vão aplicar, e não as solicitações do poder económico.
Ora, isto coloca, por sua vez, duas outras questões centrais.
Por um lado, o Estado deve dispor de dotações orçamentais necessárias e suficientes, que não devem contar
para o défice, quer para explorar ao máximo as potencialidades dos fundos comunitários, com o tal efeito
multiplicador de que tanto se fala, o que significa não poupar nas contrapartidas nacionais obrigatórias, quer
para que o investimento público não se reduza ao proporcionado pelos fundos comunitários — e ainda ontem,
se se recorda, sublinhávamos isto mesmo no debate, em comissão, sobre o ensino profissional.
Por outro lado, os incentivos ao capital privado devem ficar direcionados para as micro, pequenas e médias
empresas (MPME), afastando o grande capital nacional e estrangeiro do acesso aos fundos comunitários. Nada
justifica que o orçamento público continue a suportar os grandes grupos económicos — aliás, já para o atual
quadro o PCP propôs medidas específicas para as MPME, aprovadas aqui, no Plenário, há cerca de um mês,
relativamente a esta matéria.
Nesta altura, Sr. Ministro, importa, então, que haja como ponto de partida para este debate uma abordagem
que responda claramente a estas questões centrais, para que não tenhamos a repetição dos problemas do
passado.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes, para pedir
esclarecimentos.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, estamos agora a atravessar uma fase que nos parece
decisiva ao nível da definição da estratégia Portugal 2030. É uma fase decisiva porque é nesta altura que se
definem as prioridades políticas e o respetivo financiamento para os anos que se seguirão a 2020.
É agora, portanto, o tempo e a oportunidade para procurar potenciar esses recursos financeiros não só para
modernizar a nossa economia mas também, e sobretudo, para encarar esses recursos como forma de promover
a justiça social, nomeadamente através de mecanismos que promovam o combate às desigualdades sociais.