I SÉRIE — NÚMERO 53
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Aplausos do PS.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Pode perguntar!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Há uma coisa que eu digo: faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para
que essa lei seja cumprida, porque nenhum de nós, em consciência, pode admitir que voltemos a ter um verão
como o que tivemos no ano passado, sem que tenhamos feito tudo o que está ao nosso alcance para que as
condições que podemos controlar sejam diferentes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Primeiro-Ministro, tem de terminar.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não conseguimos alterar as condições climáticas, mas conseguimos alterar as
condições no terreno, e o mínimo que podemos fazer é forçar o cumprimento de uma lei que está em vigor há
12 anos e que há 12 anos está por cumprir, porque, quer ao nível ministerial, quer ao nível local, toda a gente
foi «lavando as mãos» da obrigação de fazer cumprir a lei relativamente à limpeza.
Aplausos do PS.
O que fizemos, Sr.ª Deputada, foi criar uma linha de crédito de 15 milhões de euros para qualquer proprietário
poder proceder a essa limpeza e de 50 milhões de euros para que as autarquias o possam fazer, no caso de os
proprietários não o fazerem, podendo a autarquia ficar com o terreno e com o proveito dos seus rendimentos
enquanto os proprietários não cumprirem as suas obrigações.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ah!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sim, porque a obrigação é dos proprietários, Sr. Deputado. O senhor foi
secretário de Estado da Proteção Civil e tinha bem obrigação de saber a quem compete fazer a limpeza.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia, do Partido Ecologista «Os Verdes».
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Os Verdes também
consideram que, após o drama dos incêndios de 2017, temos de ser determinados, claros e verdadeiros com o
País.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, há de convir que aquele e-mail que foi massivamente distribuído aos portugueses
pela Autoridade Tributária só veio criar confusão, ao ponto de, à cautela, muitas pessoas terem arrancado
árvores de fruto e de muitas estarem já preparadas para arrancar ou cortar sobreiros. Portanto, clareza não foi
propriamente a característica desta informação da Autoridade Tributária.
Sr. Primeiro-Ministro, o que Os Verdes consideram é que a resposta preventiva e absolutamente necessária
para que o drama dos incêndios não volte a acontecer não pode ser o Governo entrar em guerra com os
bombeiros e com as autarquias. Isso não vai ajudar rigorosamente nada, Sr. Primeiro-Ministro. É um aviso e,
certamente, uma cautela para a qual Os Verdes chamam à atenção.
É que os bombeiros, tendo em conta a falta de resposta do Governo a algumas das necessidades urgentes
que reclamam, ameaçam ficar de fora da alçada da Autoridade Nacional de Proteção Civil e os autarcas
garantem não ter meios para se substituírem aos proprietários até 31 de maio.
Sr. Primeiro-Ministro, repare bem: dizem que não têm financiamento devido. Mais: dizem que as empresas
de gestão do combustível florestal não chegam para as encomendas. Portanto, onde é que vão buscar mão de
obra? Mais, ainda: dizem que estas empresas estão a escalar os preços a cobrar pela limpeza das matas e das
florestas. Ora, o Governo não pode ignorar, pura e simplesmente, estes avisos que os autarcas estão a fazer.
O que eles estão a dizer é que há qualquer coisa que está a ser impraticável. Então, há qualquer coisa que tem