I SÉRIE — NÚMERO 61
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A discussão que hoje
aqui temos sobre a importância geostratégica e geopolítica dos Açores e da Madeira é, por si só, uma discussão
relevantíssima para discutirmos também aquela que é a importância geostratégica e geopolítica de Portugal.
Isto porque, indiscutivelmente, a realidade continental do País é limitadora, pelo que, sem essa sua projeção
atlântica nos Açores e na Madeira, seria totalmente diferente daquilo que é.
Hoje em dia, provavelmente, o facto mais visível dessa relevância é o projeto da extensão da plataforma
continental. A abertura que permite a existência dos Açores e da Madeira na lógica nacional é essa projeção de
um País que, territorialmente, no continente, é médio, mas que, com a sua projeção atlântica através dos Açores
e da Madeira, é grande na sua dimensão e é grande na sua importância.
Por isso, deve reconhecer-se aos Açores e à Madeira não só esse contributo mas também a necessidade de
ter uma contrapartida, do ponto de vista geopolítico e geoestratégico das opções nacionais, que seja uma
contrapartida à altura.
Indiscutivelmente, este regime constitucional, com as autonomias, trouxe aos Açores e à Madeira não só
uma capacidade maior de definirem os seus projetos de desenvolvimento mas também a concretização desse
desenvolvimento.
Podem criticar-se opções, pode discordar-se de caminhos, mas é indiscutível que, nos últimos 40 anos, os
Açores e a Madeira foram das regiões do País que mais se transformaram e que mais beneficiaram daquele
que foi o desenvolvimento do País, não só deste regime constitucional mas também através da integração
europeia, de que estas regiões beneficiaram e para a qual também muito contribuíram, porque os Açores e a
Madeira projetam não só a realidade nacional mas também a realidade europeia.
É certo que, muitas vezes, relativamente aos Açores, discutimos a dimensão de defesa e de segurança pela
importância que a Região Autónoma dos Açores tem no âmbito da NATO. Mas há uma realidade, muito para
além daquela que tem a ver com a defesa, que importa relevar.
Os Açores têm um património riquíssimo e inexplorado ao nível dos seus recursos marinhos naturais e,
finalmente, começa a dar-se importância, do ponto de vista científico, a esta riqueza. E é fundamental que o
País perceba que tem nos Açores aquilo que não tem em nenhuma outra região do País e que, portanto, tem
de valorizar e assumir isso como uma prioridade, apoiando também todas aquelas que são as atividades
relevantes — a agricultura, as pescas, a aquacultura, a meteorologia e o controlo aéreo — e percebendo que
projetos marcantes como aquele que existe no Faial, do Observatório do Atlântico, ou aquele que existe em
Santa Maria, do cluster aeronáutico e aeroespacial, são projetos nacionais e não apenas projetos regionais.
Olhando para a Madeira, devemos também perceber, porque não temos complexos com isso, a importância
da dinâmica económica da Madeira e da liderança que a Madeira tem, por exemplo, naquela que é a realidade
turística nacional. Também devemos perceber a importância que a Madeira tem na projeção de Portugal no
mundo através da sua diáspora e das comunidades que estão espalhadas pelo mundo. Também devemos
perceber a importância que a Madeira tem na competitividade económica, através do Centro Internacional de
Negócios da Madeira (CINM), que é, esse sim, fator importante de competitividade económica não só da região
mas de todo o País e que deve ser assumido como tal.
Nestes projetos, Sr.as e Srs. Deputados, o que discutimos não é a importância que reconhecemos à Madeira
e aos Açores, é a consequência que conseguimos dar a isso, é o facto de, do ponto de vista nacional, o Governo
da República não olhar para a Madeira e para os Açores em função de quem governa cada uma das regiões, é
o facto de o Governo da República não olhar para a Madeira e para os Açores em função de calendários políticos,
é o Governo da República perceber que a cooperação estratégica é a melhor forma de conseguir que estas
duas regiões se continuem a desenvolver e se desenvolvam ainda mais e que, com isso, o País também
beneficie.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado
João Vasconcelos.