I SÉRIE — NÚMERO 65
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também de adaptação às alterações climáticas, e as espécies florestais, os povoamentos florestais não ficam
de fora nesta matéria. Para criar resistência às florestas não podemos continuar a expandir o eucalipto e as
monoculturas de eucalipto, como tem sido feito. E é por isso que Os Verdes tanto batalharam, nesta Casa, para
revogar aquilo que o PSD e o CDS tinham insistido em aprovar e impor, que era, justamente, a liberalização do
eucalipto através do regime de arborização e rearborização. Era um passo que tinha, necessariamente, de ser
dado.
Mesmo para terminar, Sr. Presidente,…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem mesmo de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … atenção à comunicação do Governo. O modelo não pode ser o
de apoiar o mínimo possível aqueles que foram vitimizados pelos incêndios florestais e, agora, abater o máximo
de árvores possível. O que tem de ser feito tem de o ser com conta, peso e medida das necessidades. O Governo
tem de pensar em reabrir períodos de candidatura e agir nesse sentido.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada, tem mesmo de concluir.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Por outro lado, Sr.as e Srs. Deputados — e mesmo para terminar
—, é preciso prevenir adequadamente e apoiar adequadamente.
Sr. Presidente, muito obrigada pela sua tolerância no uso do tempo.
Aplausos do Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Oliveira, do
PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Este debate
fica marcado pelo golpe dado pelo PS e pelo PSD, com a cobertura do Presidente da Assembleia da República
em exercício, Jorge Lacão,…
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Eh!…
O Sr. João Oliveira (PCP): — … impedindo que fossem discutidas as iniciativas legislativas apresentadas,
nomeadamente as propostas do PCP.
O PS, o PSD e o Presidente em exercício podem tentar impedir que sejam discutidas as propostas do PCP,
mas não as retiramos do debate.
O interior e o mundo rural precisam de gente que ocupe o território e lhe dê vida, precisam de bons serviços
públicos e de rentabilidade das atividades produtivas. Por isso, o PCP insiste nas propostas de aumento do
investimento público e do investimento nos serviços públicos, nas propostas de apoio à agricultura familiar, de
defesa dos pequenos produtores agrícolas e agroflorestais, de intervenção no preço da madeira e de
escoamento da produção agrícola, pecuária e agroflorestal.
O ordenamento florestal exige do Estado as regras e a fiscalização, mas também os meios e os apoios para
que se concretize, a começar pela floresta que é propriedade do Estado. Por isso, insistimos nas propostas para
a recuperação e valorização da floresta pública e para o ordenamento geral da floresta, propostas de
investimento em estruturas e serviços públicos que assegurem a fiscalização, mas também a intervenção e o
apoio necessários para garantir o ordenamento florestal.
A limpeza da floresta deve ser uma prioridade concretizada com critério e fundamento científico e técnico e
não um pretexto para ameaçar e punir pequenos proprietários ou um encargo que o Governo transfere para as
autarquias e para os proprietários como se se tratasse de uma mera responsabilidade individual. Por isso, o
PCP propõe a revogação das normas legais, comprovadamente irrealizáveis ou até mesmo absurdas, como as
que constam do Decreto-Lei n.º 10/2018 e defende que o Estado concentre a sua ação na criação dos meios
para que a limpeza da floresta se concretize.