29 DE MARÇO DE 2018
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E o Sr. Ministro perdeu uma oportunidade de esclarecer essa questão. Diz-nos, pelo que percebi, que é a
IGAI (Inspeção-Geral da Administração interna) que vai resolver essa mesma matéria.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Queira concluir, Sr. Deputado!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Ministro, acho que esta questão tem de se resolver politicamente, e
é por isso que o CDS apresentou hoje um pedido para que venham à 1.ª Comissão — o Partido Socialista pediu
o adiamento; é um direito que lhe assiste — os responsáveis, ou seja, aqueles que se estão a confrontar, que
são o tenente-coronel, que diz que falharam e que não houve resposta, e o ex-Secretário de Estado, que diz
que isso não é verdade, no sentido de esclarecerem esta questão de uma vez por todas. Queremos que o Sr.
Ministro não se refugie, como tem feito sempre, na IGAI ou noutras entidades para não responder a uma questão
que é essencial.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, a terminar, gostaria de dizer o seguinte: somos
construtivos, mas temos a noção exata, neste momento, de que aquilo que falhou no passado foi a preparação.
Em agosto, dizia o Sr. Primeiro-Ministro: «Estamos a tratar das cheias». Em outubro, aconteceu o que
aconteceu. E, neste momento, os bombeiros não sabem ainda ao que vão, nem qual vai ser exatamente a sua
missão e em que termos.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, não quero ser desagradável, mas tem de concluir.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — A lei da Autoridade de Proteção Civil está por apresentar, a formação do
GIPS (Grupo de Intervenção, de Proteção e Socorro) é insuficiente, não se sabem as falhas do SIRESP, isso
não é público ainda, e não temos meios aéreos.
Por isso, o CDS convocou para a próxima quarta-feira mais um debate detalhado sobre toda a preparação
da próxima época de incêndios, porque a impressão que temos é a de que os senhores estão mais uma vez a
falhar, estão mais uma vez atrasados. E isso não pode voltar a acontecer, nem o permitiremos.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Soares.
O Sr. Pedro Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria, em primeiro lugar, agradecer o
trabalho da Comissão Técnica Independente.
O Relatório produzido é de grande interesse para o País e para enfrentarmos os problemas estruturais da
nossa floresta bem como dos territórios rurais e do interior.
Gostaria de começar por referir alguns aspetos que não foram abordados no debate e que me parecem da
maior relevância, como é o caso de alguns planos municipais de defesa da floresta contra incêndios serem
claramente exemplos de preocupação com as normas e com os regulamentos, mas com muito pouca
preocupação quanto às suas aplicação e operacionalidade. Esta é uma das conclusões do Relatório da CTI.
Importa, neste caso, perceber — e é bom que o Governo nos esclareça — quais as responsabilidades do
ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) quanto à celeridade na apreciação daqueles
planos, assim como quanto à respetiva qualidade operacional.
Não basta dizer que há ou não há planos municipais, o que precisamos é de planos municipais que, para
além de respeitarem normas, consigam, de facto, ser operacionais e ter um papel na defesa das populações.
É também referido no Relatório que as dificuldades das autoridades municipais quanto à execução de
intervenções operacionais de emergência denotam um problema de escala, de meios, de vocação que suscitam
a necessidade de um nível supramunicipal, regional, com capacidade política para levar a cabo esta tarefa
essencial da proteção civil e do território.