31 DE MARÇO DE 2018
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O Sr. António Filipe (PCP) — Agora, aquilo que é significativo é que não se pode, responsavelmente, ignorar
que esta questão está em apreciação no Tribunal Constitucional e que não é aconselhável criar factos
consumados que possam vir, no futuro — não sabemos, mas podem vir a ser —, a ser desautorizados pela
jurisprudência do Tribunal Constitucional. E a jurisprudência que é conhecida sobre esta matéria — repito, que
é conhecida sobre esta matéria — aconselha a que haja, pelo menos, prudência relativamente ao juízo que
possa vir a ser feito pelo Tribunal Constitucional acerca da lei que aqui foi aprovada sobre esta matéria. Portanto,
aguardemos pela decisão do Tribunal Constitucional terá sobre esta matéria.
Relativamente à questão das infraestruturas críticas, parece-nos que a recomendação que o CDS apresenta
faz sentido, porque, de facto, importa que o Estado salvaguarde a segurança dessas infraestruturas. E, portanto,
aí estamos de acordo, pois achamos que há planos de segurança que devem ser feitos e que há infraestruturas
que têm de ser protegidas de qualquer eventualidade. No entanto, não podemos deixar de dizer que o CDS,
quando defendeu a privatização de infraestruturas críticas do ponto de vista da segurança nacional, não teve
essa preocupação. Ou seja, quando se entregou toda a rede de telecomunicações a empresas privadas — aliás,
com consequências trágicas, como aquelas com que fomos confrontados no ano passado, designadamente em
matéria de comunicações e do funcionamento do famigerado SIRESP —, quando se entregou a empresa
petrolífera aos privados, quando se colocou aspetos cruciais para a segurança do nosso País e das nossas
populações nas mãos de empresas privadas, descurando os deveres do Estado relativamente à salvaguarda de
valores fundamentais para o Estado português, para a soberania nacional e para a segurança dos portugueses,
o CDS não revelou estas preocupações. Mas, enfim, mais vale tarde do que nunca e achamos que, de facto, há
infraestruturas que são críticas, cuja segurança deve ser salvaguardada, e este é um dever que o Estado
português não pode alienar. Neste sentido, nós concordamos com essa recomendação.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este agendamento do CDS, e já
foi dito, aparece aqui com uma urgência que é um pouco incompreensível, porque, por um lado, a história do
CDS nesta matéria é de afronta à Constituição, reconhecida pelo Tribunal Constitucional, e, por outro, já houve
iniciativas vossas, subscritas por si e acompanhadas pelo PSD, em que o Tribunal Constitucional, de forma
clamorosa, disse que violavam a Constituição. Mais, o CDS sabe que sobre esta matéria o Tribunal
Constitucional tem um pedido, feito por Deputados do Bloco de Esquerda, do PCP e de Os Verdes, para avaliar
a lei que recentemente foi aprovada.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
Sabendo disso, tendo este historial, é um pouco incompreensível a urgência do CDS de querer agora, à
revelia deste processo, tentar forçar aqui uma votação.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
Da parte do Bloco de Esquerda, nós não esquecemos que há este historial e somos agentes ativos na
fiscalização que o Tribunal Constitucional fará a esta matéria. Esperamos que haja uma decisão célere, mas
não damos para o peditório que o CDS está a fazer neste dossier porque os argumentos que são utilizados pelo
Sr. Deputado Telmo Correia não são sérios, pois tenta instigar o medo para legitimar a agenda do CDS, quando,
claramente, o exemplo que traz dos atentados terroristas em França não tem ligação a este dossier, e não tem
porque em França existe uma lei de metadados incapaz até de ter qualquer atuação sobre esta matéria.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.