6 DE ABRIL DE 2018
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Ora, Sr. Primeiro-Ministro, é o caso deste aeroporto, que irá permanecer por muito tempo, pelo que não nos
basta analisar as consequências imediatas da sua construção e exploração. As suas consequências a longo
prazo deverão também ser avaliadas estrategicamente.
Apesar disto tudo, não há sinais do Governo nem parece existir qualquer intenção de se realizar uma
avaliação ambiental estratégica para estudar os impactos negativos que irão afetar os acessos e transportes da
região, aumentar o ruído, diminuir a qualidade do ar nas zonas residenciais, reduzir a biodiversidade ou perturbar
gravemente as aves migratórias e protegidas presentes na Reserva Natural do Estuário do Tejo.
Sr. Primeiro-Ministro, a escolha do local para construir qualquer aeroporto em Portugal tem de ter em conta
os seus impactos sociais e ambientais a longo prazo e cremos que isso não está a ser acautelado.
Assim, coloco-lhe duas questões: o Governo vai ou não fazer uma avaliação ambiental estratégica que tenha
em conta todos os impactos a longo prazo? Caso a avaliação não seja positiva, está o Governo disponível para
reconsiderar a localização do aeroporto ou a escolha já está feita e, por isso, consideram dispensável avaliar as
consequências desta construção na vida das pessoas e nos ecossistemas?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado André Silva, como sabe, por razões de política
interna diversas, o País comprometeu a decisão, em tempo próprio, sobre a necessidade de um novo aeroporto
na região de Lisboa. Esta necessidade de um novo aeroporto internacional é hoje manifesta e muitos dos que
aqui há uns anos diziam que isso era precipitado hoje sublinham que estamos muito atrasados.
De facto, hoje começamos já a não ter algumas posições por esgotamento da capacidade do aeroporto. Há
uma estratégia de aumentar o investimento que permita esgotar até ao limite da segurança o atual aeroporto da
Portela e foram desencadeados os estudos para a instalação de um novo aeroporto, de acordo com o modelo
previsto na privatização da ANA (Aeroportos e Navegação Aérea), que prevê a sua instalação na base aérea do
Montijo.
Obviamente, uma obra como o aeroporto tem de ser desenvolvida com todas as cautelas e todas as medidas
necessárias para mitigar os seus efeitos negativos, diretos e indiretos, locais, regionais e nacionais, e o seu
impacto ambiental.
A sua questão só poderá ser respondida em função das necessidades: se a lei exigir a avaliação ambiental
estratégica, teremos de a fazer; senão, não iremos necessariamente fazê-la. Portanto, depende das
circunstâncias, dos dados e dos estudos preliminares que estão a ser realizados.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, encerrado o debate quinzenal com o Primeiro-Ministro, chegamos ao
fim da nossa ordem do dia.
Aproveito para me despedir de todos os membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro incluído, que vão agora
sair.
Amanhã, sexta-feira, a sessão plenária terá início às 10 horas.
Do primeiro ponto consta o debate de atualidade, ao abrigo do artigo 72.º do Regimento da Assembleia da
República, sobre problemas na área da cultura, por marcação do CDS-PP.
No segundo ponto será debatida, na generalidade, a proposta de lei n.º 111/XIII (3.ª) — Autoriza o Governo
a aprovar um regime fiscal e contributivo mais favorável para a atividade de transporte marítimo e um regime
especial de determinação de matéria coletável com base na tonelagem de navios.
Segue-se, no terceiro ponto, o debate, na generalidade, da proposta de lei n.º 112/XIII (3.ª) — Define a
missão e as atribuições da Comissão Nacional de Apoio às Vítimas de Crimes.
Do quarto ponto consta a discussão do projeto de resolução n.º 1323/XIII (3.ª) — Pelo fim do outsourcing na
prestação de cuidados de saúde e de acompanhamento psicológico nos estabelecimentos prisionais e garantia
de acesso à saúde dos reclusos (BE), juntamente com, na generalidade, o projeto de lei n.º 814/XIII (3.ª) —
Garante a existência de serviços próprios de prestação dos cuidados médicos, de enfermagem e de psicologia
nos estabelecimentos prisionais (quinta alteração à Lei n.º 115/2009, de 12 de outubro, que aprova o Código da
Execução das Penas e Medidas Privativas da Liberdade) (PCP) e com o projeto de resolução n.º 1462/XIII (3.ª)