I SÉRIE — NÚMERO 87
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O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — É muito bonito exigir às IPSS e às instituições o reforço das
suas capacidades, mas, se não fizermos simultaneamente o reforço da capacidade de resposta do ponto de
vista do financiamento, isso é pura irresponsabilidade, é apenas para brilhar diante da comunicação social,
talvez, porque as instituições não têm capacidade efetiva de resposta.
Em segundo lugar, se falamos de alimentação e de problemas de alimentação na sociedade portuguesa,
sabemos bem que não podemos falar apenas de idosos, porque a população escolar, a população infantil e, de
um modo geral, a população portuguesa têm problemas graves, que estão devidamente identificados, de má
alimentação, de obesidade e de subnutrição. Por exemplo, em relação à população escolar, os dados mais
recentes apontam ainda para um valor superior a 30% de obesidade, e isto significa que temos de remeter estas
exigências não apenas para as IPSS mas também para as respostas estatais, para o ensino público, para as
cantinas, para as cantinas escolares, para tudo aquilo que é a nossa responsabilidade nesta matéria.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Remeter apenas para as IPSS é não querer responder a um
problema grave, é remetê-lo para os outros e não assumir, da nossa parte, a responsabilidade que temos nestas
respostas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires, do Bloco de Esquerda, para
uma intervenção.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas: Começo por saudar as
iniciativas que estão neste momento em análise, porque, de facto, refletem uma preocupação bastante
relevante.
Sabemos que a população portuguesa está muito envelhecida e que a tendência será para continuar e,
portanto, daí decorrem também determinados problemas que têm de ter resposta. No entanto, é importante dizer
que estes problemas têm de ter resposta não só do ponto de vista público mas também do ponto de vista da
autonomia das próprias pessoas, o que tem muito que ver com políticas de segurança social que não têm
necessariamente que ver com a institucionalização e o papel das IPSS.
Sabemos que, infelizmente, os últimos anos foram muito gravosos, especialmente para população idosa —
poderíamos falar do complemento solidário para idosos, por exemplo —, e, de facto, houve várias medidas que
levaram a uma deterioração da qualidade de vida das populações mais idosas.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Veja os dados!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — No entanto, sabemos que a resposta na área da saúde, nomeadamente à
população idosa, também tem de ser dada do ponto de vista público, o que também tem falhado bastante.
Sabemos, e toda a gente reconhece, que várias instituições, várias IPSS, têm hoje um papel determinante
na ajuda a várias pessoas, a várias populações no nosso País, no entanto, isso nunca nos pode desviar daquele
que deve ser o objetivo principal, que é o de dar uma resposta pública aos problemas que esta população tem
e uma resposta que não implique a pura institucionalização, mas que faça com que as pessoas possam ter uma
autonomia e uma qualidade de vida que hoje em dia não têm, em muitos casos.
Portanto, independentemente desta análise, que é importante quando falamos destas matérias, o Bloco de
Esquerda acompanha a ideia, comum a todos os projetos, de que são precisas também respostas de qualidade
no que toca à saúde, nomeadamente, e em concreto, quanto à alimentação, à nutrição, mas também quanto a
outros especialistas que possam aqui ser incluídos — nas iniciativas fala-se de dietistas e de farmacêuticos —,
outros profissionais de saúde que possam, de uma forma mais direta, trabalhar no sentido de ajudar ao aumento
da qualidade de vida destes idosos. Acompanhamos, de facto, a ideia de que essa necessidade existe e que
deve ser endereçada, tendo como objetivo melhorar a qualidade e os padrões de vida destas pessoas mais
idosas e, por natureza, mais fragilizadas, e às quais temos de responder.