19 DE MAIO DE 2018
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A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Termino já, Sr. Presidente.
Sr.as e Srs. Deputados, em Portugal temos verificado um acréscimo da longevidade, o que entendemos como
algo muito positivo. No entanto, queremos que sejam anos vividos com qualidade e felicidade e, por isso,
entendemos que devem ser criadas condições que permitam a cada cidadão idoso beneficiar dos melhores
cuidados de saúde e bem-estar!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Neste debate, importa começar por dizer
que entendemos que é responsabilidade do Estado responder ao conjunto de necessidades das famílias através
da existência de serviços públicos de qualidade, especialmente no que respeita às funções sociais do Estado,
uma responsabilidade primeira do Estado que não deve ser transferida para outros.
Ao longo de vários anos, sucessivos governos foram-se desresponsabilizando e transferindo, nomeadamente
para IPSS (instituições particulares de solidariedade social), responsabilidades no âmbito das respostas sociais.
Entendemos que as IPSS devem ter um papel complementar ao papel que o Estado está obrigado
constitucionalmente na garantia de respostas sociais e não se devem substituir ao Estado.
Reconhecemos o trabalho desenvolvido por muitas IPSS, muitas delas constituídas face à carência e mesmo
à ausência de respostas públicas ou resultantes da organização voluntária de pessoas em torno da necessidade
de soluções concretas. Reconhecemos e valorizamos o trabalho prestado pelos trabalhadores das IPSS, a
esmagadora maioria com baixos salários e com condições difíceis de trabalho. As IPSS asseguram hoje a
crianças, a jovens e a idosos o acesso a um conjunto de serviços e equipamentos, tais como creches, atividades
de tempos livres, lares residenciais, lares de idosos, centros de dia ou centros de convívio, entre outros
equipamentos e serviços que são, efetivamente, importantes.
A escassez e, em alguns casos, a ausência de respostas públicas faz com que muitas famílias encontrem
nestas instituições as soluções para as suas crianças e jovens, o que também se verifica com os idosos. Esta
carência e mesmo inexistência de respostas públicas de apoio aos idosos faz com que seja nestas instituições
que eles encontram respostas para o que precisam, sendo muitos os idosos que frequentam e fazem a sua vida
nestes espaços. Estas respostas e estes serviços não podem ser desvalorizados pela importância que têm na
vida destas pessoas e das suas famílias, devendo ser o mais adequados possível às necessidades de cada um
dos utentes.
Considerando esta realidade, o facto de muitos idosos viveram nestas instituições e a inegável importância
do acesso a uma alimentação saudável, equilibrada e adequada às condições de saúde, importa que estas
instituições tenham os meios humanos necessários para definir a alimentação apropriada aos utentes e para
que se tenham em consideração as necessidades e as características de cada um.
A este propósito, importa também lembrar os dados do relatório do Programa Nacional para a Promoção da
Alimentação Saudável, que identificou 14,8% dos idosos em Portugal em risco de desnutrição, sendo que 1,3%
estavam, efetivamente, desnutridos. Uma realidade à qual as IPSS não serão, naturalmente, imunes e que terá
implicações nas condições de saúde dos idosos destas instituições, bem como nas suas condições de resistir à
doença.
Assim, a existência de nutricionistas e de dietistas nas IPSS assume grande importância para que a
alimentação dos idosos tenha em conta as suas necessidades e condições de saúde. Também a existência de
farmacêuticos nas IPSS, para a administração de fármacos por quem deve efetivamente exercer estas funções,
é de grande importância. Naturalmente, sem prejuízo de medidas mais profundas e estruturais que garantam o
cumprimento da responsabilidade do Estado nesta matéria, entendemos que, perante a realidade dos serviços
prestados pelas IPSS, importa tomar medidas que garantam uma resposta de qualidade aos utentes, que
respondam às suas necessidades e que garantam também o seu conforto e o seu bem-estar. A proposta que
apresentamos pretende dar um contributo nesse sentido.
Aplausos do PCP.