6 DE JUNHO DE 2018
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, eu sei o que diz a Resolução que faz uma
recomendação ao Governo, mas também sei o que diz a norma do Orçamento do Estado, que obriga o Governo.
A norma do Orçamento do Estado que obriga o Governo nunca diz que é a totalidade do tempo de serviço.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Diz «do tempo»!
O Sr. Primeiro-Ministro: — A norma diz o seguinte: «A expressão remuneratória do tempo de serviço nas
carreiras (…) é considerada em processo negocial com vista a definir o prazo e o modo para a sua concretização,
tendo em conta a sustentabilidade e a compatibilização com os recursos disponíveis».
O Governo não foi arrogante, não foi intransigente nem fez chantagem nenhuma. O Governo sentou-se à
mesa com os sindicatos e apresentou uma proposta. A proposta que apresentou foi a de considerar, além do
descongelamento que já existe para todos os professores, e que só neste ano já beneficia mais de 45 000
professores, a contabilização de 2 anos, 9 meses e 18 dias. Apresentou esta proposta em março, passou abril,
passou maio, chegámos a junho, e ao longo destes meses não houve qualquer disposição para negociar, por
parte dos sindicatos. Mantiveram-se numa posição intransigente face à proposta apresentada pelo Governo.
Quer dizer que o Governo é que é autoritário, que o Governo é que é arrogante?!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Claro que sim!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Então, nós apresentamos uma proposta, a resposta que nos dão é «Nem uma
hora a menos dos 9 anos, 4 meses e 2 dias» e nós é que somos arrogantes e intransigentes?!
Sr.ª Deputada, eu não classifico as outras partes, cada um negoceia como entende, mas, com toda a
franqueza, nós propusemos, os outros não propõem nada, limitam-se a manter a posição em que estavam
inicialmente.
Em negociação, esta é uma posição intransigente que o Governo não pode acompanhar, e não pode
acompanhar, além do mais, por uma razão simples: não temos dinheiro para pagar mais 600 milhões de euros
por ano para esta reivindicação salarial. Não temos!
Protestos do PCP e de Os Verdes.
É muito simples, Sr.ª Deputada, não temos!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia. Faça favor.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor está a dizer que não
vai cumprir a Resolução aprovada pela Assembleia da República? Sim ou não? Mas mais: está a dizer que não
vai cumprir o artigo 19.º do Orçamento do Estado, que fala da contagem «do tempo de serviço», que significa
todo o tempo de serviço efetivamente prestado, ou vamos estar aqui a discutir a questão do artigo, Sr. Primeiro-
Ministro? Sinceramente!
Relativamente à sustentabilidade, é exatamente por isso — e o Sr. Primeiro-Ministro sabe que não custaria
600 milhões de euros, não vale a pena estar a apregoar este número — que não seria a progressão na carreira
de todos ao mesmo tempo, no mesmo dia. É exatamente para que não tenha esse peso e se tenha em conta
essa questão financeira que se fala do faseamento e da progressividade. Parece que Governo é que gostava
que custasse 600 milhões de euros, mas não é isso que os sindicatos reivindicam, estão dispostos a fasear a
contagem do tempo de serviço.
Sr. Primeiro-Ministro, abra essa disponibilidade, cumpra a lei, cumpra o Orçamento do Estado e cumpra a
Resolução da Assembleia da República.
Hoje é Dia Mundial do Ambiente. Efetivamente, nós levantamos aqui sempre questões ambientais e hoje não
deixaremos, evidentemente, de as levantar também, para dizer que estamos a temer que o Governo, em matéria
ambiental, vá pelo mesmo caminho dos outros. O que é que eu quero dizer com isto? É que tudo o que pode