I SÉRIE — NÚMERO 92
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A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — É preciso que tudo se normalize e é preciso que o Governo tenha
capacidade e agilidade para, também, resolver estas matérias.
Para terminar, porque estamos em Dia Mundial do Ambiente, Sr. Primeiro-Ministro, já me sabe dizer se é
preciso avaliação ambiental estratégica para o aeroporto de Lisboa, ou ainda não é desta?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, nós estamos numa negociação e o Governo não
retirou a sua proposta negocial. O que o Governo não faz é um acordo unilateral!
Eu faço uma proposta de acordo consigo, a Sr.ª Deputada não aceita o acordo e quer que eu ponha,
unilateralmente, em execução aquilo que propus?! Não! A negociação é assim: eu proponho e a senhora aceita
ou contrapropõe.
Nós propusemos e a proposta está em cima da mesa.
Protestos da Deputada do BE Joana Mortágua.
No dia em que os sindicatos quiserem retomar a negociação da nossa proposta estaremos abertos a isso.
Nós não retiramos a proposta, mas também não a declaramos unilateralmente, porque isso não é um acordo.
Isso seria uma medida unilateral.
Ainda bem que falou do tema dos incêndios — do qual a vi falar apaixonadamente na televisão —, para
esclarecer o que se passa com a Enerpellets. O Governo disponibilizou os 5 milhões de euros, que era a
diferença entre aquilo que a Enerpellets recebia do seguro e aquele que era o valor dos prejuízos. Acontece
que, por factos que nada têm a ver em relação ao Governo, mas que têm a ver com a vida comercial dessa
empresa, foram penhorados os 7 milhões de euros que a empresa recebeu do contrato de seguro. Portanto,
quem está em falta não é o Governo, que disponibilizou os 5 milhões de euros.
O que acontece é que, no âmbito do Direito Privado — e V. Ex.ª é uma emérita doutora em Direito Civil —
,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — … os credores penhoraram o crédito da empresa sobre as companhias de
seguros e, por isso, a empresa não tem os recursos necessários. Naturalmente, não compete ao Estado
substituir-se àquilo que são as verbas que foram disponibilizadas pelas companhias de seguros e que foram
executadas pelos credores. Esta é a realidade, Sr.ª Deputada.
Aplausos do PS.
Vozes do CDS-PP: — Não é, não!
O Sr. Presidente: — Em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de
Sousa para formular perguntas.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, temos acompanhado com
preocupação o processo conduzido pelo Governo em sede de concertação social em relação à legislação
laboral, que culminou com um acordo entre o Governo e os parceiros do costume. O que está no acordo defrauda
as expectativas do combate à precariedade e as afirmações que o próprio Governo tem feito sobre a matéria.
Não se combate a precariedade quando se duplica o período experimental para os trabalhadores à procura
do primeiro emprego ou em situação de desemprego de longa duração, insistindo numa norma que o Tribunal
Constitucional já considerou inconstitucional.