I SÉRIE — NÚMERO 92
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contratação coletiva, que hoje são muitos mais do que no início da Legislatura, embora sejam poucos
relativamente àqueles que devíamos ter.
Protestos do Deputado de Os Verdes José Luís Ferreira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E com piores contratos coletivos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Por outro lado, agilizámos o processo de adoção das portarias de extensão.
Agora, prevemos a sobrevigência, em caso de caducidade, no contrato individual de trabalho, de matérias tão
importantes como os direitos de parentalidade ou os direitos dos trabalhadores-estudantes e também retirámos
da possibilidade da negociação individual os bancos de horas, acabando com o banco de horas individual, e até
com o banco de horas grupal, com base na negociação individualizada com cada trabalhador. Isto reforça o
diálogo social na empresa, reforça a contratação coletiva e protege coletivamente os trabalhadores.
Essa é a função da legislação do trabalho e esta é a primeira vez, em muitos e muitos anos, que temos um
acordo de concertação social que não visa limitar direitos nem desregulamentar a relação de trabalho, mas, pelo
contrário, visa reforçar a proteção coletiva do trabalho e aumentar os direitos dos trabalhadores, que é algo que
todos devíamos valorizar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem ainda a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, já andamos cá há muito tempo e acho que nem
o senhor nem eu nos convencemos do que acabou de dizer. Se isto fosse de caráter globalmente positivo para
os trabalhadores, o Sr. Primeiro-Ministro acredita que veria lá a assinatura das grandes confederações
patronais?
Vozes do PCP: — É óbvio!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não pense isso, é ingénuo! Isso é querer enganar-se a si próprio, com
certeza, porque naturalmente isso não vai acontecer.
Mas, continuando, Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a propósito dos professores, é inaceitável que se
faça de conta que a contagem do tempo não está aprovada no Orçamento do Estado e se venha, de forma
autoritária, impor aos professores que aceitem 2 anos e 9 meses, ou não será contado nenhum tempo. Não há
volta a dar, Sr. Primeiro-Ministro! O Orçamento do Estado diz que o tempo todo vai ter de contar. O que se está
a discutir e o que se deve discutir é o faseamento na forma, no modo e no prazo como é pago, não é qual o
tempo que conta, porque isso é uma questão arrumada pelo próprio Orçamento do Estado.
É nesse sentido que é inaceitável o argumento de que a negociação decorreu apenas em relação ao tempo
e não em relação ao faseamento para concretizar essa grande reivindicação justa dos professores.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, estou certo de que pensa que,
se eu não acreditasse nisso, não apoiava este acordo. E acredito porque, efetivamente, como tenho dito muitas
vezes, o combate à precariedade, hoje, é não só do interesse do próprio trabalhador, em primeiro lugar, e da
sua dignidade mas também do interesse das próprias entidades patronais.
As relações laborais das empresas do futuro não podem assentar na precariedade, porque o elemento capital
para o sucesso dessas empresas é a inovação, e só há inovação se houver formação, e só há investimento na
formação se houver tempo para aproveitar essa formação. Até pode dizer que é o interesse egoísta da empresa,
mas é também nesse mesmo interesse egoísta da empresa que a precariedade tem de ser combatida, porque