I SÉRIE — NÚMERO 94
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O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Neste sentido, Sr.ª Ministra, seria importante que nos pudesse
explicar ou que fizesse o ponto da situação sobre a regularização do suplemento de recuperação processual
dos funcionários judiciais.
Segundo o Sindicato dos Funcionários Judiciais, os representantes dos trabalhadores não estão a ser
ouvidos nos processos de reorganização dos mapas de pessoal e de funcionamento das secretarias dos
tribunais, o que certamente colocará em causa o que há para acordar ao nível da negociação do Estatuto dos
Oficiais de Justiça.
Sr.ª Ministra, confirma que os representantes dos trabalhadores não estão a ser ouvidos nos processos de
reorganização dos mapas de pessoal e de funcionamento das secretarias dos tribunais? Se assim é, que
fundamentos a Sr.ª Ministra considera como razoáveis para justificar esta atitude do Governo?
Por fim, Sr.ª Ministra, ainda segundo o Sindicato dos Funcionários Judiciais, as negociações entre o Governo
e o Sindicato estão suspensas aparentemente porque o Ministério da Justiça terá de articular com o Ministério
das Finanças os fundos para a tabela remuneratória, as aposentações e o regime de avença. São matérias
sobre as quais parece já terá até havido um compromisso por parte do Ministério da Justiça.
Portanto, Sr.ª Ministra, seria oportuno que hoje nos esclarecesse sobre as razões reais que levam o Governo
a manter a suspensão das negociações com as associações representativas dos trabalhadores, porque, como
já referi, a administração da justiça não é possível sem pessoas e sem trabalhadores com direitos, isto sem
prejuízo da importância das medidas que este Governo já tomou nesta matéria, nomeadamente as que a Sr.ª
Ministra há pouco referiu, particularmente no que tem a ver com as novas admissões para funcionários judiciais
e também com as progressões.
No entanto, apesar da importância com que essas medidas se revestem, consideramos que seria importante
que a Sr.ª Ministra se pronunciasse sobre as matérias que Os Verdes hoje trouxeram para discussão.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Atenção ao tempo, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Vou terminar, Sr. Presidente, solicitando à Sr.ª Ministra que nos
diga alguma coisa sobre estas questões que foram levantadas por Os Verdes neste debate e que não
mereceram qualquer palavra da sua parte.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Justiça.
A Sr.ª Ministra da Justiça: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, se me permitem, vou responder a uma questão
que me foi colocada antes e à qual não respondi, que tem a ver com o Estabelecimento Prisional de Ponta
Delgada.
Sr.ª Deputada Susana Amador, neste momento, o novo Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada
encontra-se na seguinte situação: está pronto o caderno de encargos, o que nos vai permitir dar início à primeira
fase da obra e aquilo que apenas está em causa é um conjunto de autorizações do Ministério das Finanças que
serão para as fases subsequentes, mas diria que está tudo encaminhado — o terreno, que foi cedido pelo
Governo Regional, está identificado. Obviamente, a obra é feita por fases, mas os trabalhos irão ser iniciados o
mais brevemente possível, uma vez que existe já um caderno de encargos que nos permite fazer a contratação
para a primeira fase.
Relativamente às outras questões que me foram colocadas, nomeadamente pelo Sr. Deputado Telmo
Correia, gostava de lhe dizer que precisamos de ter um bocadinho mais de confiança nas nossas instituições.
Não se trata de eu vir aqui fazer propaganda daquilo que está feito, pois, como disse, não quero discutir louros,
mas se o Sr. Deputado ler o European Justice Scoreboard 2018 perceberá que, no que diz respeito aos tempos
médios de vida dos processos, Portugal encontra-se em muito boa posição em muitas áreas, portanto nós
ganhamos bastantes pontos nessa matéria. Não significa que estejamos onde queremos, mas que avançamos
muito, e os dados internacionais que existem confirmam aquilo que a nossa estatística interna nos diz.
Aplausos do PS.