I SÉRIE — NÚMERO 94
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passam de uma secretaria onde não está ninguém, para além de um funcionário que basicamente não faz nada
— e quem anda pelos tribunais sabe que é assim —, mas a verdade é que existe esse anúncio.
Porém, Sr.ª Ministra — espanto dos espantos! —, quando olhamos para este plano, vemos que ele assenta
numa outra estratégia completamente diferente, que é a da centralização. Vemos o plano e ele diz-nos que é
preciso centralizar, e começa logo pelo Porto, por Lisboa e Coimbra. Aliás, relativamente a Coimbra, Sr.ª
Ministra, deixe-me fazer um aparte, porque o plano me levou para o passado, para tempos de trabalho em
Coimbra, e refere até um terreno ao lado do Palácio da Justiça como adequado para a construção. Presumo
que seja o terreno de que já se falava há cerca de 20 anos,…
O Sr. António Filipe (PCP): — Deve estar no mesmo sítio!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — … e que não seja qualquer novidade, mas se nunca foi usado por algum
motivo terá sido.
Porém, repito, do que se fala é da concentração de edifícios: concentração nas comarcas, concentração na
sede das comarcas. Quando lemos o plano, ele não nos congrega para a descentralização, congrega-nos
exatamente para o contrário, mas este contrário, Sr.ª Ministra, faz-me lembrar a famosa reforma do tempo de
José Sócrates, de transformar o mapa judiciário em sete grandes comarcas. Sim, porque a retirada de
competências aos tribunais começou com o plano do ex-Primeiro-Ministro José Sócrates, não começou a
posteriori.
Sr.ª Ministra, atendendo à realidade do que anuncia e a este grande plano, a minha pergunta é muito simples:
primeiro, porquê vir anunciar, em 2018, um plano estratégico de 274 milhões de euros para o período de 2018-
2028?
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — É para os outros pagarem!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Acabou de dizer tudo, Sr. Deputado!
É para os outros pagarem, Sr.ª Ministra?! É que nós estamos em pleno fim de mandato e faz agora um
anúncio para que os outros assumam responsabilidades. Aliás, foi algo a que nos habituaram, a este «empurra
para a frente», «os outros que façam, porque nós só dizemos que fazemos».
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — É o que o Partido Socialista sabe fazer melhor!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Sr.ª Ministra, finalmente, uma última pergunta. Tudo isto é muito
anunciado, mas a Sr.ª Ministra tem autorização do Sr. Ministro Mário Centeno para fazer o que quer que seja?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Sandra
Pereira.
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Justiça, gostaria só de lhe dizer que os
advogados são, naturalmente, importantes agentes da justiça e, como disse a minha colega, fica-lhe bem
lamentar a sua ausência no Congresso dos Advogados, ainda mais escudando-se com a vinda aqui, ao
Parlamento, mas a sessão inaugural foi às 11 horas e, havendo vontade política, talvez a Sr.ª Ministra
conseguisse honrar os dois compromissos, ou seja, estar às 11 horas em Viseu e estar aqui, no Parlamento, às
15 horas.
O Sr. António Filipe (PCP): — Só se fosse o Prof. Marcelo!
Risos do PCP e do PS.