15 DE JUNHO DE 2018
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O Sr. FernandoAnastácio (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Justiça, Sr.as e Srs. Secretários de
Estado, Sr.as e Srs. Deputados: A respeito de justiça, sinto-me tentado a iniciar esta minha intervenção com uma
citação, precisamente de Martin Luther King: «Eu não sou quem eu gostaria de ser; / eu não sou quem eu
poderia ser, ainda, / eu não sou quem eu deveria ser. Mas (…) eu não sou mais quem eu era». De alguma
maneira, esta frase sintetiza a evolução da justiça de um passado recente ao nosso presente.
Sr.as e Srs. Deputados: A melhoria no acesso à justiça é determinante. Importa, assim, de uma forma clara e
objetiva, percebermos o caminho que fizemos nestes dois anos e meio.
Com este objetivo, procedeu-se ao reajustamento do mapa judiciário, disponibilizando-se, em áreas
territoriais marcadas pela interioridade, 47 juízes de proximidade, 20 dos quais por reativação de tribunais
encerrados pelo anterior Governo, em 2014, e 23 por conversão de secções de proximidade, onde se passaram
a realizar audiências de julgamento e, nalguns deles, passou a haver competência para jurisdição de menores.
Criaram-se desdobramentos de juízos de família e menores em sete novos juízos.
Aproximou-se a justiça de 700 000 pessoas na área da justiça criminal e de 300 000 na área da justiça de
família e menores.
Mais recentemente, foi anunciado que nestes tribunais serão resolvidos litígios em matéria cível até ao valor
de 50 000 €.
Mas é importante que todos nos recordemos do muito que se disse e escreveu sobre esta iniciativa, do ruído
que então foi criado, de quanto se desvalorizou esta medida.
Estou certo de que o Dr. Rui Rio, no seu anunciado diagnóstico sobre a justiça, não deixará de reconhecer
o progresso verificado em matéria de proximidade.
Sr.as e Srs. Deputados: O reforço dos meios humanos é também um dos eixos principais da ação política e
governativa.
A título de exemplo, nestes últimos três anos, entraram 380 novos magistrados, que comparam com os 160
que entraram durante a vigência do Governo anterior, entre 2011 e 2015.
Em 2016 e 2017, desbloqueou-se o acesso à promoção de 600 oficiais de justiça e promoveu-se o ingresso
de 400 novos funcionários.
O combate à morosidade da justiça, com a diminuição do número de pendências e a redução do tempo de
duração, é um aspeto essencial.
No passado mês de maio, foram publicados os resultados respeitantes ao quarto trimestre de 2017.
Como já hoje aqui se disse, as pendências reduziram-se em cerca de 300 000 processos e, além disso,
houve uma redução de 25 000 pontos percentuais em quase todas as jurisdições, inclusive, também, na
jurisdição administrativa e tributária, sem prejuízo de, neste caso, os resultados não serem tão significativos,
embora já tenha sido preparado um conjunto de medidas que foram anunciadas recentemente pela Sr.ª Ministra
da Justiça.
Sr.as e Srs. Deputados: Permitam-me ainda um destaque muito especial: esta diminuição, esta, que é a menor
pendência dos últimos 10 anos, foi conseguida, essencialmente, à custa de taxas de resolução processual que
se mantêm hoje acima dos 120%.
Como já hoje aqui foi citado, mas não posso deixar de referir, se alguma dúvida houvesse, bastaria ouvir o
que disse, em janeiro deste ano, o Sr. Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, que confirmou todos os
indicadores e referiu precisamente que, de todos os aspetos relacionados com a pendência, tramitação e
resposta, os resultados são extremamente positivos.
Mas também no sistema prisional tem havido uma intervenção muito significativa deste Governo. Em
contraponto com 2015, a população prisional reduziu em 10%, ou seja, são cerca de 1000 presos a menos. Dos
113% de ocupação, passou-se para os 103%. Estes são números, estes são factos!
Reduzimos a população prisional, aumentámos o efetivo de guardas prisionais, com cerca de 400 novos
guardas prisionais, relativamente a 2015, estamos a melhorar as condições de vivência no interior dos
estabelecimentos prisionais e, pela primeira vez, temos uma estratégia plurianual de requalificação e
modernização do sistema prisional e tutelar para os próximos 10 anos, tanto a nível de equipamentos quanto de
meios humanos.