I SÉRIE — NÚMERO 95
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O Sr. Paulo Sá (PCP): — Perante a reposição de direitos e rendimentos, PSD e CDS, negando a realidade,
desesperados, vaticinaram que a reversão das suas medidas de exploração e empobrecimento levaria o País à
bancarrota, chegando mesmo a anunciar a vinda do diabo. Mas o diabo não chegou e as medidas de reposição
de direitos e rendimentos deram um contributo decisivo para o crescimento económico e para a criação de
emprego, confirmando a justeza da posição do PCP, que sempre afirmou que o caminho de progresso e
desenvolvimento do País tem de ser o da valorização do trabalho e dos trabalhadores.
Não podemos esquecer que nesse ano de 2016 a Comissão Europeia desencadeou uma inaceitável
operação de chantagem, pressão e ingerência contra o nosso País, tentando impedir a todo o custo a
concretização de medidas de reposição de direitos e de rendimentos. Ao lado da Comissão Europeia, contra os
interesses de Portugal e dos portugueses, colocaram-se PSD e CDS, fazendo coro com aqueles que a partir de
Bruxelas procuraram impedir a inversão, mesmo que tímida, do rumo seguido nos anos anteriores.
A valorização das medidas positivas constantes no Orçamento do Estado para 2016 não ilude o facto de
essas medidas terem ficado aquém do que era possível e desejável devido ao facto de o PS e o seu Governo
assumirem os constrangimentos e condicionalismos impostos pela União Europeia. Como também não ilude o
facto de o Governo ter usado e abusado das cativações para reduzir de forma acelerada o défice orçamental,
opção que condicionou a disponibilização aos organismos do Estado dos meios humanos, materiais e
financeiros adequados ao seu normal funcionamento e à melhoria dos serviços prestados às populações.
O Orçamento do Estado para 2016, assim como os dois Orçamentos que se seguiram, confirmam que para
prosseguir e aprofundar a política de reposições de direitos e rendimentos, para melhorar os serviços públicos
e as funções sociais do Estado, para dar resposta aos problemas estruturais do País e aos seus múltiplos défices
é preciso romper com as imposições e os condicionalismos externos e com o favorecimento do grande capital.
Entretanto, reassumiu a presidência o Vice-Presidente Jorge Lacão.
O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — É esse o caminho que é preciso trilhar. É esse o caminho de que o País precisa!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, gostava de dar a palavra a mais alguém, mas não há
inscrições e, se assim é, passamos ao ponto seguinte.
Pausa.
Srs. Deputados, inscreveu-se, entretanto, o Sr. Deputado Paulo Trigo Pereira.
Espero que os outros grupos parlamentares façam diligências no sentido de se inscreverem.
Tem a palavra, Sr. Deputado Paulo Trigo Pereira, do PS, para uma intervenção.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Antes de mais, gostaria de pedir
desculpa pela minha voz, deve-se a um fator exógeno.
Estamos a discutir a Conta Geral do Estado de 2016 e vale a pena questionarmo-nos porquê. Porque se
aprecia a Conta Geral do Estado nesta Câmara?
Sendo as contas do Estado o resultado da execução orçamental do ano, uma primeira razão é perceber se
elas são fiáveis e se houve uma evolução positiva nas contas do Estado e da segurança social; uma segunda
razão — e porque há sempre melhorias a implementar no processo orçamental — é perceber em que medida
recomendações relevantes que constam do Parecer do Tribunal de Contas têm vindo a ser implementadas, e
em caso negativo saber porquê; finalmente, a apreciação das contas permite contextualizar os desafios que se
colocam ao País.
Antes de abordar estas questões, faço uma nota introdutória. O ano de 2016, como qualquer ano pós-
eleitoral, foi atípico, pois, tendo havido eleições em 2015, começou com a aplicação de duodécimos na base do