16 DE JUNHO DE 2018
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esta é mais uma matéria cuja discussão está atrasada e é uma matéria em relação à qual o CDS não tem
deixado de chamar à atenção e de intervir ativamente.
Aliás, estamos atrasados nesta matéria, como estamos atrasados em outras matérias com interconexão a
esta, como é o caso, por exemplo, da lei dos metadados ou dos planos das infraestruturas críticas. São matérias
essenciais e em relação às quais o Governo tem agido como se não fossem urgentes, mas elas são urgentes,
é urgente tratá-las e o CDS não se cansará de exigir resposta.
Sr.ª Ministra, a questão central, e para terminar, não é só relativa a estas matérias. Podemos — e devemos,
obviamente — discutir e refletir sobre a proposta, podemos melhorá-la, podemos decidir qual é o melhor modelo
e podemos, em tese, fazer uma excelente lei. Mas absolutamente nada disto terá relevo se tudo continuar como
está hoje.
O que quero dizer com isto, Sr.ª Ministra, é que hoje tudo funciona sem meios e sem recursos. Assim, por
muito boas leis que tenhamos, será impossível ter efetividade de ação numa matéria tão relevante como esta.
Podemos ter a lei mais completa e estruturada, a melhor lei do mundo, mas, se não tivermos meios materiais,
recursos financeiros e humanos à altura, pouco importará se a lei é boa ou má.
Por isso, de uma vez por todas, exorto a Sr.ª Ministra e o Governo a olharem com a devida atenção para
esta matéria para evitar a debandada de bons quadros, as demissões constantes e o desinvestimento sucessivo
nesta área.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe que conclua.
A Sr.ª VâniaDiasdaSilva (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente.
Um dia, Sr.ª Ministra, poderá ser tarde demais para nos arrependermos e termos feito de conta que estava
tudo bem quando manifestamente não estava tudo bem.
Sr.ª Ministra, exorto-a a olhar para esta área com muita atenção para que lhe dê os recursos efetivos
necessários que não tem tido nos últimos anos e que precisa urgentemente de ter.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para concluir o debate sobre este ponto, tem novamente a palavra, para
uma intervenção, a Sr.ª Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa.
A Sr.ª Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: Antes de dar alguns esclarecimentos, agradeço, naturalmente, as contribuições que já foram feitas
e as que foram anunciadas.
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que o Centro Nacional de Cibersegurança já existe — não estamos a
criá-lo, não é esta proposta de lei que propõe a sua criação — e inclui uma equipa de resposta a incidentes, que
é o CERT.PT. Tudo isto está a funcionar no âmbito do Gabinete Nacional de Segurança. Não se trata de uma
estrutura que estamos a criar agora, é uma estrutura que está em funcionamento.
Em segundo lugar, refiro que o Centro Nacional de Cibersegurança não está integrado numa estrutura militar
— creio que há uma confusão que devemos esclarecer e que resulta de um parecer que foi feito a esta proposta
—, mas, sim, numa estrutura civil, um serviço central da administração direta do Estado que está inserido numa
área governativa que nada tem a ver com a defesa nacional. A ciberdefesa é que está integrada no sistema de
defesa nacional, uma área transversal a todas as áreas governativas e que depende do Sr. Primeiro-Ministro,
com delegação de competências, neste caso em mim própria.
Da Lei Orgânica do Gabinete Nacional de Segurança, onde funciona o Centro Nacional de Segurança, não
resulta sequer que para os cargos de diretor ou subdiretor-geral sejam nomeados militares.
Neste momento, o Gabinete Nacional de Segurança é dirigido pelo Sr. Almirante Gameiro Marques, que foi
escolhido em função do seu currículo técnico — e peço aos Srs. Deputados que o leiam — e da sua
especialização. É um quadro altamente valioso, que despacha comigo, que recebe as minhas orientações e
que, naturalmente, escolhi para exercer este cargo em função do seu currículo.
O Centro Nacional de Cibersegurança tem competências próprias: mapa de pessoal específico, incluindo o
respetivo estatuto remuneratório, e uma marca e identidade próprias que lhe conferem capacidade.