O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 101

24

A democracia alterou esta situação. Os indicadores mostram que saímos da cauda da Europa para

ultrapassarmos, em pouco mais de 20 anos, a média europeia e a da OCDE (Organização para a Cooperação

e Desenvolvimento Económico).

O Sr. Porfírio Silva (PS): — Muito bem!

O Sr. Alexandre Quintanilha (PS): — Estes resultados devem-se a um aumento enorme do investimento

nos diferentes domínios do conhecimento e a uma aposta clara nas pessoas e nas instituições.

Chegámos a investir perto de 1,6% do PIB (produto interno bruto) em investigação e desenvolvimento e a

oferecer, anualmente, quase 2000 bolsas de doutoramento. O Ciência Viva «seduziu» milhares de cidadãos de

todas as idades.

Apesar de terem sido muitos os que ajudaram a construir este edifício, o nome de Mariano Gago e a nossa

entrada na União Europeia ficarão para sempre associados a esta metamorfose.

Aplausos do PS.

A crise e os anos da troica afastaram-nos desse percurso. Fizeram baixar aqueles valores para perto de

1,2% do PIB e menos de 700 bolsas de doutoramento anuais. Para termos uma ideia, cada décima de redução

no financiamento equivale a menos 600 projetos financiados, juntamente com menos 1200 contratos.

Provocaram uma fuga de cérebros sem precedentes na história recente do nosso País e muitas instituições de

investigação viveram momentos de grande insegurança pelos níveis de precariedade que foram criados.

Durante essa meia dúzia de anos, a confiança dos cidadãos num futuro dedicado à exploração do

conhecimento foi fortemente abalada.

Este Governo e o seu Ministério, Sr. Ministro, vieram prometer uma nova fase de reaproximação à Europa e

ao mundo e uma renovada aposta nesse conhecimento. Mas a «fome» era muita! A urgência era, e é, enorme!

Olhemos para o cenário recente. Só em 2017, já foram avaliadas perto de 5000 candidaturas a projetos, e

os resultados comunicados aos investigadores, o que representou um esforço hercúleo, da parte da Fundação

para a Ciência e a Tecnologia. E temos milhares de investigadores a candidatarem-se aos diferentes concursos

já abertos para contratos de trabalho, com a expectativa de deixarem, finalmente, de ser bolseiros.

Aplausos do PS.

A percentagem do PIB investido subiu ligeiramente em 2016, prevendo-se que possa chegar a 1,3% em

2017.

O número de bolsas de doutoramento voltou a subir, para cerca de 1500. Os vários concursos abertos

oferecem mais de 4000 contratos para investigadores.

O financiamento de 34% dos projetos acima referidos, no valor de quase 406 milhões de euros, é inédito e

atinge o seu valor mais alto de sempre.

Seis laboratórios colaborativos, que apostam na interdisciplinaridade e na translação do conhecimento, foram

aprovados e outros 23 estão em avaliação.

O ensino politécnico foi fortemente valorizado.

Aplausos do PS.

As colaborações internacionais cresceram e incluem agora muito mais parceiros.

Mas, como é do conhecimento público, os investigadores sentem-se frustrados com a lentidão da mudança

e a complexidade burocrática não só das candidaturas como do seu trabalho diário. É natural! Quando a

esperança aumenta, as expectativas aumentam e todos querem correr mais depressa. No entanto, o caminho

ainda é longo para atingirmos os prometidos 3% do PIB em 2030.

Andar mais depressa, sem prejudicar a qualidade e a robustez das avaliações e do acompanhamento, é

perigoso e pode fragilizar o processo, como já aconteceu no passado.