I SÉRIE — NÚMERO 102
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Encontrámos uma via de diálogo com o PSD num projeto que é estruturante, que vai para além da
Legislatura, mas continuamos sempre a incluir todos neste processo reformador, que não quer deixar ninguém
para trás e que precisa, obviamente, do contributo de todos os Srs. Deputados desta Casa.
Por isso, Caro Deputado, o que temos feito com esta reforma é incluir, não é desunir.
Ao mesmo tempo, volto a reiterar que esta reforma não desresponsabiliza o Estado ao longo destes anos de
Legislatura e, com o apoio das esquerdas, ao invés, temos vindo a robustecer o Estado social, dando-lhe mais
presença no território, apostando na criação de medidas que ajudem quem tem reformas mais baixas, repondo
os mínimos sociais, com o complemento solidário para idosos, o rendimento social de inserção e o aumento
extraordinário que fizemos ao nível do abono de família.
Portanto, se há Governo que tem robustecido o Estado social tem sido o do PS, ao longo desta Legislatura,
com o apoio do Bloco de Esquerda, do Partido Comunista Português e de Os Verdes. Aquilo que é essencial
para o reforço do Estado tem vindo a ser feito.
Em relação à educação, não temos de ter receio. Há uma preocupação de conciliar sempre a autonomia da
escola e a autonomia pedagógica dos professores com a autonomia do poder local. A escola pública e o poder
local são dois sucessos do 25 de Abril, são dois sucessos da democracia, e seguirão par a par. Seguramente,
Sr. Deputado, não haverá nenhuma invasão dessa autonomia por parte do poder local — temos de confiar! Eu
confio no poder local dos autarcas e estou certa de que o Sr. Deputado não desconfia dos autarcas deste País
nem desconfia do poder local.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado Hélder Amaral, agradeço também as suas questões.
Quero dizer-lhe que não chegámos até aqui sem estudos feitos, sem análises efetuadas. Começámos, logo
no início de 2016, com um documento orientador para a reforma do Estado e para a descentralização. Nesse
documento orientador estavam identificadas as necessidades de transferência de competências para as
freguesias, para os municípios e para o nível intermunicipal, não descurando a legitimidade democrática das
CCDR (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional) e também das áreas metropolitanas.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª SusanaAmador (PS): — Sr. Deputado, para nós, este processo é um imperativo programático, político
e constitucional. Esse é o nosso roteiro.
Esta comissão independente irá continuar esse processo, que será também seguido por uma comissão de
acompanhamento, tal como está prevista no artigo 6.º da lei-quadro, para que, ao mesmo tempo, se aprofunde
uma segunda fase da descentralização, associando o valor do capital humano e académico, como sei que o
CDS sempre valoriza.
É um processo que não se esgota, que está em aberto, em construção, e que precisa também, obviamente,
do vosso apoio e contributo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada
Heloísa Apolónia.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Sobre este agendamento
potestativo que o PSD marcou e que traz hoje a discussão no Plenário, sobre a questão das desigualdades
territoriais e da descentralização, Os Verdes gostariam de fazer duas observações prévias.
A primeira observação prende-se com a solução que o próprio PSD traz para esta discussão, a qual está
traduzida num projeto de lei que cria a comissão independente para a descentralização. Isto já não é grande
novidade. Ao que parece, a solução que o PSD tem para dar hoje sobre as mais diversas matérias é a criação
de comissões.
Já no outro dia, discutimos também a questão da natalidade e lá veio o PSD propor mais uma comissão.