I SÉRIE — NÚMERO 104
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O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr. Presidente, respondendo ao repto do Sr. Deputado Adão Silva, e
não revelando qualquer dúvida da parte do Partido Socialista nem sendo essa, em todo o caso, a praxe
parlamentar, gostaria de promover uma inscrição por parte do Partido Socialista.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — É o Sr. Deputado que se inscreve?
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sou eu próprio, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Então, Sr. Deputado, tem a palavra, e o desejo do Sr. Deputado
Adão Silva fica concretizado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não deviam fazer tantos jeitos ao PSD!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — Vocês também já fizeram alguns!
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quando debatemos as leis
laborais nunca debatemos apenas medidas de regulação do mundo do trabalho mas, sim, o modelo de
sociedade que queremos e de que forma o moldamos, pela via legislativa, a favor do trabalho digno, do trabalho
estável e justamente remunerado.
A complexidade das transformações das nossas sociedades é uma realidade, e o trabalho deve acompanhá-
la, mas essa realidade atravessa, em cada tempo, todos os tempos e todas as gerações.
Por isso, a nossa complexidade não é maior do que aquela que nos antecedeu nem menor do que aquela
que nos sucederá. Temos sempre de acomodar a mudança e garantir que os fundamentos da nossa visão de
sociedade humanista e solidária não são substituídos pela liberalização, pela individualização e pela
precarização.
De nada vale mudarmos as leis do trabalho, se não soubermos para que é que as mudamos e a quem é que
estamos a responder quando decidimos fazê-lo. E, para os socialistas, só há uma resposta: temos de responder
à maioria dos trabalhadores, que são a parte mais fraca da relação laboral; aos jovens que aspiram a um contrato
estável e não o têm;…
Aplausos do PS.
… aos portugueses que no fim de uma jornada de trabalho levam para casa um salário demasiado baixo
para aspirarem a uma vida decente; aos que querem viver a paternidade e não têm horários para a conciliar;
aos que estão na sombra do trabalho informal; aos que estão no desespero do desemprego; aos que estão no
inferno da precariedade. Todos estes vivem vidas a dias, vidas a prazo, e o Partido Socialista responde à sua
exigência de uma sociedade onde a economia é um instrumento ao serviço do desenvolvimento e da justiça
social e nunca um atalho para promover a lei do mais forte, as assimetrias e as desigualdades. É este o
património do Partido Socialista!
Aplausos do PS.
O combate à precariedade está inscrito no Programa do Governo e foi um ponto de referência na
convergência entre os atuais parceiros da maioria parlamentar. Esse caminho tem vindo a ser feito em torno das
posições conjuntas e das prioridades expressas em cada Orçamento do Estado, mas também nos grupos de
trabalho que constituímos, em especial no Grupo de Trabalho de combate à precariedade, e em todos esses
momentos definimos uma orientação clara para a intervenção legislativa nesta área.
Depois de um ataque brutal aos trabalhadores e à estabilidade dos vínculos laborais, que foi promovido pelo
PSD e pelo CDS, mas também com a pressão liberal decorrente das instituições internacionais, o PS intervém