13 DE JULHO DE 2018
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Sabíamos, por isso, desde o início, que o processo legislativo tinha de ser mais vasto, decisivo para
aproveitarmos a oportunidade de rever uma realidade jurídica complexa e desatualizada relativa à regulação do
transporte urbano de passageiros. Nunca encarámos, por isso, este processo legislativo como uma forma de
resolver um diferendo jurídico entre o transporte através de plataformas eletrónicas e o transporte de táxi.
O Grupo Parlamentar do PS abordou sempre esta iniciativa legislativa com a convicção de que era necessário
modernizar o setor do transporte privado de passageiros no quadro do desenvolvimento de novas políticas
públicas de mobilidade urbana.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Para o Grupo Parlamentar do PS, os interesses a acautelar eram claros: o
interesse público relativo à mobilidade urbana e à sustentabilidade ambiental; a defesa dos direitos dos utentes,
dos operadores das plataformas e do setor do táxi e respetivos trabalhadores.
A regulamentação desta nova realidade de mobilidade urbana não podia ser feita à imagem do setor do táxi,
nem reproduzindo a regulamentação hoje aplicável a este setor, como muitos chegaram a defender. Isto porque
novas formas de mobilidade exigem diferente regulamentação.
Em estreito diálogo com os representantes do setor do táxi, afirmámos sempre que este processo legislativo
era uma oportunidade única para modernizar o serviço de transporte individual de passageiros, melhorando as
soluções de mobilidade para os utentes em termos de qualidade, conforto, eficiência e preço.
Perante as mudanças no transporte urbano, introduzidas pela tecnologia, a regulamentação do táxi ficou
obsoleta, as regras vigentes estão ultrapassadas e prejudicam a concorrência, o consumidor e os próprios
operadores do setor, sobretudo porque a tecnologia democratizou o acesso ao transporte.
Chamar um carro, através de uma aplicação, sempre que quisermos e onde estivermos, chegando onde
queremos da melhor maneira possível e com os melhores preços, são avanços que ampliaram as vantagens de
conforto, rapidez e custo de transporte urbano para todos.
A tecnologia resolveu vários dos problemas que antes eram solucionados por normas restritivas. Acabar com
estas normas restritivas abre não só a possibilidade de melhorar a qualidade do serviço de transporte, como
também de potenciar os ganhos para todos os operadores, designadamente para os operadores de táxi.
Temos a certeza de que é possível implementar novos modelos de negócio em termos de serviço mais
inovador, com melhor qualidade, segurança, melhores preços e mais e melhores opções de escolha.
Defendemos, por isso, uma regulamentação inclusiva para o transporte individual de passageiros, com
propostas benéficas também para o setor do táxi, abrindo a porta a novos modelos de negócio e à incorporação
de mais tecnologia e inovação no serviço de transporte. Só através de uma nova proposta de serviço
diferenciadora, o setor do táxi vai conseguir dar resposta ao sucesso das plataformas eletrónicas de transporte.
As medidas apresentadas pelo Governo para a modernização do setor do táxi, elaboradas em concertação
com as associações representativas do setor, são, aliás, um passo importante neste caminho. Destaco as
medidas relacionadas com as condições da frota, os benefícios fiscais, o tarifário, a formação, o controlo das
horas de condução, as licenças. Temos, por isso, condições para, com um novo ponto de partida e não um
ponto de chegada, atingirmos, por um lado, uma resposta clara às preocupações apresentadas pelo Sr.
Presidente da República e, por outro lado, contribuirmos para a garantia da igualdade de condições da
concorrência.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A transformação do sistema de transportes urbanos só será possível
com a combinação de iniciativas nos mais variados domínios e a todos os níveis.
É com este objetivo que voltaremos a aprovar esta iniciativa legislativa.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Não há mais inscrições, embora vários grupos parlamentares ainda disponham de
tempo para intervir.
Pausa.