13 DE JULHO DE 2018
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Este relatório poderá ser solicitado a qualquer médico inscrito na Ordem dos Médicos ou a qualquer psicólogo
inscrito na Ordem dos Psicólogos, o que dá à pessoa em causa o poder de escolher o profissional de saúde que
irá facilitar este documento.
Quanto à proposta do PSD, estamos simplesmente abismados. Como é que um partido que aprovou aqui,
há dias, um voto de congratulação à Organização Mundial de Saúde pela remoção das identidades trans da
Classificação Internacional de Doenças é capaz de as colocar de novo num armário enclausurado e
hiperburocrático e dizer-lhes que a sua identidade é uma doença?! Não compreendemos, Sr.as e Srs. Deputados!
Não compreendemos!
Aplausos do PS e do BE.
Sr.as e Srs. Deputados, retomando esta reflexão, queremos deixar claro que, para o PAN, a proposta ideal
era a inicial. Mas o caminho faz-se caminhando e estamos conscientes da urgência e da importância da
promulgação deste diploma para a conquista e garantia dos direitos humanos de todas as pessoas trans,
maiores ou menores de idade. Por isso, apelamos à aprovação destas alterações, para que as pessoas, as
nossas pessoas, possam colocar de novo em marcha as suas vidas constantemente adiadas.
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PS e do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, a
Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Esta é a segunda vez, em
menos de um ano, que fazemos um debate sobre esta matéria, nesta Câmara…
Vozes de protesto de Deputados do BE.
Ainda quase nem comecei a falar e os Srs. Deputados já estão muito nervosos.
Dizia eu que era a segunda vez, em menos de um ano, que fazemos este debate, e a razão é simples e fácil
de explicar. O Bloco, o PAN e o Governo apresentaram várias iniciativas para alterar o quadro jurídico vigente
relativamente à identidade de género e, se as iniciativas do Bloco e do PAN ficaram pelo caminho, a do Governo
vingou aqui, em São Bento, mas esbarrou nos muros de Belém e, por isso, estamos nós aqui novamente a
debater esta matéria.
Saudámos, à época — e relembramos agora —, o veto presidencial, que, embora tenha ficado aquém daquilo
que o CDS entendia — e continua a entender — ser essencial acautelar, permitiu que, ao menos quanto aos
menores, o assunto pudesse ser ponderado por esta maioria parlamentar.
Ora, a maioria parlamentar ponderou-o efetivamente. Mas ponderou-o pelo mínimo possível, e esse mínimo
possível continua a ser para o CDS insuficiente. E não é só para o CDS que esta ponderação mínima é
insuficiente. É-o também para o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, é-o para uma
multiplicidade de profissionais de saúde, é-o até para uma parte considerável da sociedade civil. E, veja-se só,
também o é para o próprio Presidente da República, que foi absolutamente claro, e fez questão de deixar isso
expresso no seu veto presidencial, ao dizer que a posição da maioria parlamentar, a de permitir a mudança de
sexo a menores de idade ou a maiores sem acompanhamento médico, não corresponde minimamente à sua
posição pessoal, que é próxima da do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e também próxima
da do CDS.
Aqui chegados, quero dizer que o relatório médico, que, agora, PS, BE e PAN propõem seja apresentado
pelos menores entre os 16 e os 18 anos atestando unicamente a sua capacidade de decisão e vontade
informada para poderem mudar de sexo, continua a ser para nós insatisfatório. E é-o por uma razão simples,
que os livros, a ciência e a experiência não desmentem: o processo de autonomia e de maturação do ser humano
é progressiva e é explicada em várias etapas, muito bem definidas e ainda não desmentidas por ninguém,
segundo Piaget. Este processo desenvolve-se desde que nascemos, absolutamente dependentes, até um
patamar cognitivo que nos permite decidir, de forma livre, esclarecida e independente. E esse patamar, Sr.as e