14 DE JULHO DE 2018
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Chegámos ao país do «Nuno no país das maravilhas»? Não! Não chegámos a esse país, mas espero que
um dia me ajude a lá chegar, porque adorava chegar ao seu país das maravilhas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa(PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o estado da Nação está
incontornavelmente marcado pelas consequências de todas as opções que foram feitas nestes dois últimos anos
e meio, em que foram repostos direitos e rendimentos.
Onde os anseios e preocupações dos trabalhadores e do povo tiveram resposta, ainda que limitada e
insuficiente, a vida avançou no sentido certo; onde se mantiveram as opções do passado e da política de direita,
onde o Governo travou os avanços, onde se acentuaram as convergências entre PS, PSD e CDS, os problemas
do País mantêm-se ou agravam-se.
Olhando para o percurso que foi feito desde outubro de 2015 até aqui, impõe-se a seguinte pergunta: agora,
que caminho quer o Governo fazer? Quer levar mais longe as medidas positivas para os trabalhadores e para o
povo ou quer travar o passo a esses avanços?
Da parte do PCP, a resposta está dada há muito. Para nós, o caminho tem de ser o de ir mais longe na
defesa, reposição e conquista de direitos, o de ir mais longe na resposta aos anseios e às necessidades dos
trabalhadores e do povo, o de romper com as opções de política de direita e defender o nosso desenvolvimento
soberano.
Com o contributo do PCP, foram repostos os salários; aumentadas as pensões e reformas; foi reforçado o
abono de família e o apoio a desempregados; avançou-se na gratuitidade dos manuais escolares e na
valorização das longas carreiras contributivas; reduziram-se os impostos sobre quem trabalha, com as
alterações ao IRS e a reposição do IVA (imposto sobre o valor acrescentado) na restauração; avançou-se na
tributação das grandes empresas, com o aumento da derrama do IRC (imposto sobre o rendimento de pessoas
coletivas), e do património imobiliário, com o adicional ao IMI (imposto municipal sobre imóveis).
Nestas e em tantas outras medidas está a marca do PCP, da nossa iniciativa, da nossa proposta e a prova
de que, quando o PS converge com o PCP, a vida dos trabalhadores e do povo melhora.
Aplausos do PCP.
Se não se foi mais longe não foi por falta de proposta do PCP, foi porque o Governo e o PS fizeram outras
opções e decidiram-se por outras convergências.
O tempo não é de alta satisfação com o que está feito. É necessária a política patriótica e de esquerda para
resolver os problemas estruturais do País, e o PCP continuará a bater-se por ela.
Um dos eixos centrais dessa política alternativa é a valorização do trabalho e dos trabalhadores. Ao longo
destes dois anos e meio provou-se que a valorização do trabalho e dos trabalhadores é uma opção justa no
plano social, mas também positiva do ponto de vista económico. Comprova-se que o caminho tem de ser o de
avançar nesse sentido, aprofundando as medidas tomadas e fazendo a opção pela revogação das normas
gravosas da legislação laboral.
Foram tomadas medidas positivas como a da reposição dos salários, dos feriados, do pagamento do trabalho
extraordinário na Administração Pública ou da reposição das 35 horas. Mas foram travados outros avanços que
podiam e deviam já estar concretizados, como acontece com a progressão nas carreiras e a contagem integral
do tempo de serviço prestado pelos trabalhadores.
Noutros casos, o Governo fez a opção contrária aos interesses dos trabalhadores, como aconteceu com o
pacote da legislação laboral que aqui discutimos na semana passada.
Sr. Primeiro-Ministro, deixo uma palavra e uma interrogação. Fale das novas gerações. Há milhares de jovens
que começam a trabalhar, tendo pela frente a realidade negra da precariedade, dos baixos salários, dos horários
de trabalho desregulados e incompatíveis com a vida familiar, sobretudo para aqueles que pretendem constituir
família, da falta de apoios, de creches ou jardins de infância ou, ainda, da insuficiente cobertura do abono de
família.