I SÉRIE — NÚMERO 6
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Antes de mais, vamos proceder à verificação do quórum de deliberação, utilizando o sistema eletrónico.
Pausa.
O quadro eletrónico regista 208 presenças, às quais se acrescentam seis, dos Srs. Deputados do PS Nuno
Sá e Sérgio Sousa Pinto, do Sr. Deputado do BE Pedro Soares, dos Srs. Deputados do CDS-PP Nuno
Magalhães e Telmo Correia e do Sr. Deputado do PCP João Dias, perfazendo 214 Deputados, pelo que temos
quórum para proceder às votações.
Vamos começar pelos votos relativos à comunidade portuguesa na Venezuela.
Foi pedido e foram atribuídos 2 minutos a cada grupo parlamentar para a discussão conjunta dos Votos n.os
622/XIII/4.ª (apresentado pelo CDS-PP) — De condenação e preocupação pelas circunstâncias em que foram
detidos cidadãos nacionais e lusodescendentes na Venezuela, 624/XIII/4.ª (apresentado pelo PSD) — De
solidariedade incondicional com a comunidade portuguesa na Venezuela, e 628/XIII/4.ª (apresentado pelo PCP)
— De condenação da campanha de desestabilização e de ameaças contra a Venezuela e em defesa dos
interesses da comunidade portuguesa.
Vamos, pois, partir para esse debate que antecede a votação.
Tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, o CDS pediu 2 minutos para intervir sobre esta matéria
não por que o voto não seja claro mas, essencialmente, para podermos esclarecer o Parlamento acerca da
nossa intenção com este voto.
Este é quase um voto mais centrado na questão dos direitos humanos e na detenção destes portugueses
em concreto do que numa análise — que aqui já foi feita inúmeras vezes e sobre a qual, obviamente, a nossa
posição é conhecida — relativa quer ao regime, quer à comunidade portuguesa em geral.
Em relação ao regime, não há muito a dizer e não será preciso acrescentar muito. Estamos a falar, óbvia e
evidentemente, de uma das ditaduras mais ferozes e mais sanguinárias num país onde, infelizmente, residirão
cerca de 400 000 portugueses e lusodescendentes.
Protestos do PCP.
Um regime que impede os adversários de concorrerem, que faz detenções arbitrárias, que tem presos
políticos, que usa milícias, etc., etc., etc. Não é por aí!
Agora, o que aconteceu foi um ataque àqueles — e muitos são portugueses — que detêm o setor do pequeno
comércio e da distribuição naquele país. Um ataque dirigido e típico, de resto, em alguma medida, destes
regimes.
Ao usar a expressão ataque posso socorrer-me, obviamente e com naturalidade, das palavras usadas,
inclusivamente, pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Dr. Santos Silva, quando lhe chamou, e
cito, «ofensiva das autoridades venezuelanas contra o setor da pequena e média distribuição».
Nessa ofensiva foram detidos inúmeros comerciantes, vários deles portugueses. Detidos arbitrariamente, Sr.
Presidente!
Protestos do PCP.
Sr.as e Srs. Deputados, eles foram detidos porque não aceitam um preço que lhes é impossível — porque
estariam a fazer um preço àqueles bens ao qual eles próprios não têm acesso — e, em segundo lugar, porque
são obrigados a ter bens à venda que eles próprios não conseguem obter.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, estou a terminar.
Por isso, o que queremos com este voto é, em primeiro lugar, condenar estas detenções.