I SÉRIE — NÚMERO 11
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O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Está a fazer mea culpa por Sócrates?!
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Não nos podemos esquecer, e não nos iremos esquecer, de que já neste
mandato, a direita, em vez de fazer mea culpa e de contribuir para alterar o descalabro em que nos deixou,
opôs-se sempre a qualquer medida, iniciativa ou ação que, direta ou indiretamente, visasse devolver
rendimentos ou repor direitos.
Foi assim que votou contra a subida do salário mínimo nacional, reiteradamente, contra o programa de
regularização dos vínculos precários na Administração Pública, contra a reposição das 35 horas, contra as novas
regras do RSI (rendimento social de inserção) e contra as novas disposições do CSI (complemento solidário
para idosos). Ou seja, a direita rejeitou todas as oportunidades de oferecer uma vida mais digna às portuguesas
e aos portugueses.
Tudo o que tem acontecido no mandato deste Governo contradiz, aliás, as previsões catastróficas da direita,
que apenas têm servido de argumentos esfarrapados para não acompanhar o Partido Socialista no que respeita
à reposição e ao aumento dos rendimentos.
Foi assim com os aumentos do salário mínimo nacional, sem que se verificasse qualquer hecatombe
nacional, como a direita anunciava. Pelo contrário, diminuímos o desemprego para níveis de 2002 (6,8% de taxa
de desemprego) e criámos mais de 300 000 novos postos de trabalho, na sua esmagadora maioria com vínculo
permanente. As empresas têm ganho quota de mercado e as exportações reforçaram-se. Existe um clima de
confiança favorável ao seu desenvolvimento sustentável e a um mercado interno mais dinâmico, que se tem
reforçado e que a todos beneficia: Estado, empresas e trabalhadores.
Repor direitos e liberdades, devolver rendimentos e dar garantias do exercício pleno da normalidade
democrática tem sido, pois, a razão de ser deste Governo, que tem cumprido em todos os domínios com que se
comprometeu.
Foi assim com o aumento das pensões, sobretudo das mais baixas, com os aumentos extraordinários que a
este nível se têm verificado, com o descongelamento e a progressão nas carreiras da Administração Pública,
com a criação da prestação social para a inclusão das pessoas com deficiência, com as alterações ao abono de
família, nomeadamente com o aumento, alargamento e recuperação do 4.º escalão, eliminando o princípio de
que os filhos dos mais ricos valiam mais do que os dos menos abonados, numa visão profundamente elitista e
discriminatória.
Aplausos do PS.
Protestos da Deputada do PSD Carla Barros.
Foi assim também com a eliminação do corte de 10% do subsídio de desemprego, ao fim de seis meses,
com a criação de uma medida extraordinária de apoio aos desempregados de longa duração, com a atualização
da bonificação por deficiência, com o aumento do montante do subsídio de assistência a terceira pessoa, com
a subida do IAS (indexante dos apoios sociais), com a sagração de um novo e benéfico regime de pensões para
as longas carreiras contributivas, com a implementação de medidas de compensação, como é o caso da
devolução da sobretaxa — a tão falada devolução da sobretaxa! —, no valor de 660 milhões de euros. E
podíamos continuar ad infinitum.
O Partido Comunista Português refere neste projeto o último inquérito às condições de vida e rendimento,
realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Ora, segundo este inquérito, em 2017, existiam menos
pessoas do que em 2016 não só em situação de privação material, tendo a taxa descido de 19,5% para 18%,
mas também em situação de privação material severa, e isto é importante, cuja taxa desceu de 8,4% para 6,9%.
Reduziu-se também o risco de pobreza, para 18,3% — ainda alto —, e a desigualdade na distribuição de
rendimentos (coeficiente de Gini), o que nos permite concluir, sem qualquer demagogia, que as pessoas, hoje
em dia, vivem melhor em Portugal.
Ora, o montante do salário mínimo nacional é fundamental na proteção dos trabalhadores de setores ou
empresas mais frágeis e com menor poder reivindicativo, garantindo uma função insubstituível de redistribuição
ao nível salarial.