I SÉRIE — NÚMERO 14
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Em Espanha, 53% do território tem uma densidade populacional inferior a 12,5 habitantes/km2. Se pensarmos
que, em Portugal, isto se passa apenas numa pequena fração do território, precisamente na zona raiana,
percebemos que estamos a enfrentar a outra escala um problema que é muito sério para o Reino de Espanha.
É por isso que, no âmbito da Cimeira Ibérica que vai ter lugar, em Valladolid, no próximo mês de novembro,
vamos trabalhar no sentido de propor à União Europeia um reforço do investimento nas regiões de mais baixa
densidade, com programas especificamente dirigidos às regiões de baixa densidade populacional.
A União Europeia tem apoios para as zonas de montanha, a União Europeia tem apoios para zonas
remotas,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro Adjunto e da Economia: — …precisamos que também tenha apoios específicos para as
zonas de muito baixa densidade populacional. Uma proposta conjunta da República Portuguesa e do Reino de
Espanha, identificando, precisamente, problemas comuns que podem ser atacados por via da cooperação
transfronteiriça, é a próxima batalha que temos de fazer em conjunto com o nosso país vizinho.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado Santinho Pacheco pretende replicar?
O Sr. Santinho Pacheco (PS): — Não, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Então, tem a palavra o Sr. Deputado António Lima Costa, do Grupo Parlamentar do
PSD. Faça favor.
O Sr. António Lima Costa (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Permita-me, Sr. Ministro, que me dirija, depois do que aqui já ouvimos, ao Bloco e ao PCP.
Nas corridas para ver quem anunciava primeiro as boas novas do Orçamento, não estava lá nada sobre o
interior. Era aí, nessa negociação, que tinham de defender o interior,…
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. António Lima Costa (PSD): — …não é agora, depois do negócio fechado, que se vem aqui com
exigências. Falar disso, agora, é apenas conversa!
Mas, Sr. Ministro, perdeu-se a quarta e última oportunidade de o Governo assumir o interior do País como
um verdadeiro desígnio nacional.
Medidas simbólicas e de efeitos marginais, truques — como o da Secretaria de Estado — e retoques num
plano de valorização do interior que não tem remendo e falhou rotundamente, podem, de facto, fazer bons títulos
de jornais mas não tornam o País mais coeso.
Em tempos de vacas gordas, o Governo tinha a obrigação — uma obrigação moral — de investir com ambição
no interior do País. Mas o que vemos nos três setores mais importantes para o desenvolvimento desses
territórios, a floresta, a agricultura e o turismo a elas associado? Vemos um Governo que, à floresta, retira
competitividade, deixando-a ao abandono com o triste espetáculo da madeira queimada a apodrecer por culpa
do Estado. Sobre isto pergunto-lhe: o que está o Governo a fazer hoje, no terreno, e não no próximo Conselho
de Ministros, com alterações de leis orgânicas, para resolver este problema concreto?
Temos um Governo que no turismo ridiculariza ideias e passa por cima de propostas que já aqui foram feitas,
como a da reposição da Linha do Douro até Espanha, que a Comissão Europeia considera de altíssimo
potencial. Sobre isto, pergunto-lhe: está o Governo disponível para estudar a sério este estruturante projeto
transfronteiriço junto das entidades europeias? Sim ou não?
Vemos um Governo que, na agricultura, pelo quarto ano consecutivo, ataca diretamente os agricultores,
insistindo no adicional ao imposto sobre o gasóleo agrícola, ao qual soma, agora, novos impostos sobre o