I SÉRIE — NÚMERO 18
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Nós, perante isto, perante estas denúncias e perante o que diz o Governo, voltamos a perguntar: estão todos
enganados? Será que estão todos equivocados? Será que toda esta gente está enganada? Não! O Governo é
que os está a enganar a todos!
Aplausos do CDS-PP.
Esta é a verdade e esta é a realidade! Não são eles que estão enganados, é o Governo que os está a enganar
a todos!
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Podemos até
admitir que, muitas vezes, a questão não é só orçamental. Sabemos que o Partido Socialista e os partidos mais
à esquerda — talvez, muito em particular, o Bloco de Esquerda — lidaram sempre mal com as questões da
segurança e da autoridade.
Protestos da Deputada do BE Mariana Mortágua.
É, de alguma forma, um clássico e, no limite, nunca consideram que as questões da segurança dos
portugueses são uma prioridade.
Protestos da Deputada do BE Mariana Mortágua.
Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, nós sabemos as razões pelas quais lidam mal com a autoridade e a
segurança, que, em alguns casos, são muito antigas. Lidam mal com a segurança, lidam mal com os problemas
da autoridade e, muitas vezes, Sr.ª Deputada, entre o polícia e a «canção do bandido», gostam mais da «canção
do bandido» do que da proteção do polícia. Esta é a realidade: preferem sempre o bandido, romântico ou não!
Aplausos do CDS-PP.
Protestos do BE.
Lembramos, pois, que lidam mal com esta realidade e com a proteção dos cidadãos. E vimos isso muitas
vezes! Vimos isso, por exemplo, na maior tragédia do País, os incêndios de 2017. Por isso, quando o Governo
nos diz que este ano foi um sucesso, porque não morreu ninguém — como se o facto de morrer alguém fosse
normal ou aceitável —, tendo ocorrido em Monchique o maior incêndio florestal da Europa, e de cada vez que
demonstra que retificou, alterou ou melhorou alguma coisa, só está a demonstrar a extrema incompetência que
teve em 2017.
Portanto, muitas vezes, a questão não é só relativa ao Orçamento, é uma questão de comportamento, de
opção e de atitude política. Foi isso que se verificou no maior caso político que o País enfrentou mais
recentemente e que foi, eventualmente, um dos casos políticos de maior gravidade que conhecemos na
democracia portuguesa. Refiro-me, obviamente, ao roubo de Tancos, a que poderia somar ainda o
desaparecimento das 57 Glock da PSP. E, se sobre Tancos vamos sabendo muita coisa, sobre as Glock da
PSP sabemos ainda muito pouco, exceto que elas, provavelmente, estarão em mãos criminosas.
Falo do caso de Tancos para vos dizer somente que é de uma enorme gravidade e que, ao contrário do que
pretendem os branqueadores da situação, não é, estritamente ou essencialmente, uma questão orçamental. Em
relação a Tancos, quanto mais sabemos, quanto mais nos apercebemos do que cada um sabia em cada
momento da história, quanto mais vemos até onde chegou e até onde pode ter chegado o encobrimento e a
tentativa de menorizar primeiro e desresponsabilizar depois, mais ficamos com a sensação de que, em boa hora,
o CDS pediu demissões e forçou a constituição de uma comissão de inquérito.
Sr.as e Srs. Deputados, quanto mais sabemos sobre Tancos mais nos fica a ideia de que, na maior parte das
democracias avançadas, Tancos não justificaria a saída de um CEME (Chefe do Estado-Maior do Exército),
Tancos não justificaria a demissão do Ministro, Tancos justificaria que o Governo, todo ele, fosse corrido, porque
é inadmissível, é uma vergonha e é absolutamente inaceitável o que vamos sabendo sobre Tancos.