I SÉRIE — NÚMERO 18
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O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Carlos Silva, do Grupo
Parlamentar do PSD. Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, pensava que o Bloco de Esquerda vinha aqui hoje pedir desculpa aos portugueses.
Protestos do BE.
Senão, vejamos: os partidos que, no passado, rasgavam as vestes, marchavam contra a degradação dos
serviços públicos, apesar de a troica condicionar as opções do País, são os mesmos arautos do investimento
público, que sempre foram contra as regras do pacto de estabilidade e — pasme-se! — agora aceitam cortes
dolorosos e brutais no Orçamento do Estado de 2019, que irão provocar, sem dúvida, recuos na economia e
atrasos no progresso social.
Pergunto aos Srs. Deputados do Bloco de Esquerda como vão votar este Orçamento do Estado de 2019. É
que, Srs. Deputados, este Orçamento corta no investimento público, é o mais baixo de sempre. Nesta
Legislatura, fica 1500 milhões de euros abaixo do executado em 2015. Tem cativações recorde — até agora
mais de 500 milhões do que na Legislatura anterior.
A UTAO, inclusive, já mostrou que este Orçamento do Estado esconde uma cativação definitiva de 590
milhões de euros.
Este é o Orçamento do Estado que põe a carga fiscal em máximos de sempre, aumentando impostos
indiretos, verdadeiras rendas excessivas de Mário Centeno, que custam mais aos mais desprotegidos. Este é o
Orçamento do Estado que injeta 850 milhões de euros nos veículos dos bancos.
Sr.as e Srs. Deputados, é penoso constatarmos que o Bloco de Esquerda se encontra bloqueado, aceitando
os garrotes que são impostos todos os dias pelas cativações de Mário Centeno em áreas como a saúde, a
educação e os transportes, que funcionam, hoje em dia, pior do que durante o tempo da troica.
Os senhores engoliram todas as linhas vermelhas que traçaram, dos tratados orçamentais ao défice,…
O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — … do aumento do investimento público à redução dos impostos, do «nem mais
1 € para a banca» aos cortes nas rendas excessivas da EDP — de resto, afinal, ainda lhe deram mais 180
milhões de borla fiscal —, do fim das cativações à redução dos impostos indiretos.
Os Srs. Deputados do Bloco de Esquerda estão acorrentados à solução política que viabilizam. Este não é
mais do que um Orçamento de fachada da geringonça, porque o Orçamento real é o das cativações que sufocam
o Estado social e a economia. Assim, temos hospitais em rutura, transportes públicos paralisados e em colapso,
quartéis e paióis a saque, e os senhores são corresponsáveis por tudo isso.
O Orçamento foi discutido numa espécie de leilão, «pataca a mim, pataca a ti», e até o PAN teve direito a
umas migalhas. Prometeram muito quanto à redução do IVA da energia, mas, afinal, «a montanha pariu um
rato».
Protestos do PCP.
A esquerda prolonga a austeridade, tornando-a perpétua e infinita, agora sob a forma de austeridade
cativada, como não há memória.
Protestos do BE e do PCP.
O Orçamento de Costa e Centeno não consegue dar mais respostas para além da folha salarial que sustenta
o eleitorado socialista.
O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — Muito bem!