30 DE OUTUBRO DE 2018
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Queria, no entanto, dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que não falei de outra coisa senão dos portugueses, dos
problemas dos portugueses e da questão da segurança dos portugueses.
E, Sr.ª Deputada, volto a sublinhar esta ideia fundamental: se está tudo tão bem, como é possível o Governo
estar confrontado com este grau de descontentamento e com este grau de protesto? Tudo aquilo que eu trouxe
aqui não foi só aquilo que eu entendo, eu citei, quase sempre, portugueses, não citei cidadãos anónimos, citei
portugueses em concreto. Citei, por exemplo, o português que preside ao maior sindicato português de polícia,
a ASPP (Associação Sindical dos Profissionais de Polícia), que é insuspeito — é só o maior sindicato de polícia
português —, e que diz tão-só…
O Sr. António Filipe (PCP): — É verdade! Não é lá como os «sindicatozecos» que os senhores criam.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Deputado António Filipe, está lembrado da entrevista que o presidente
da ASPP deu ao jornal Sol?
O Sr. António Filipe (PCP): — Com certeza!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O cão polícia recebe mais do que o agente remunerado; «O cão recebe
mais do que um agente remunerado! Somos tratados abaixo de cão!»
Risos do Ministro das Finanças.
Não se ria, Sr. Ministro das Finanças! Sabe porquê? Porque estas pessoas que sentem e dizem isto — e isto
é verdade, porque o líder da ASPP está a falar de gratificados e se, num gratificado, ele se fizer acompanhar de
um cão recebe mais, e não por influência do Sr. Deputado André Silva, que nada teve a ver com isto — são
homens e mulheres que, ao contrário de nós, que aqui estamos sentados dentro, arriscam a vida todos os dias
para defender os portugueses, e arriscam a vida nas piores condições. Por isso, não merecem o nosso riso,
merecem o nosso respeito, merecem o nosso apoio e merecem a nossa consideração.
Aplausos do CDS-PP.
Mas não são só eles que o dizem! Sr.ª Deputada Isabel Santos, não acha relevante que, há dois dias — e
não foi, sequer, um sindicato, não foram, sequer, os inspetores, porque esses disseram que acham que o Estado
de direito democrático pode estar em causa —, o Diretor Nacional da Polícia Judiciária tenha dito que precisava
desesperadamente de mais dinheiro, mais homens, e homens com melhor salário?! Isto não a preocupa, Sr.ª
Deputada? Vários anos depois da troica, três anos e meio depois de um Governo das maravilhas, que vinha
para repor tudo e para resolver o problema de todos, acha razoável que não o tenha feito?! Não é razoável!
Também o Presidente do Sindicato dos Oficiais de Polícia (SOP) disse: «Estamos pior! Nem nos piores anos
da troica a PSP foi tratada assim».
Esta é a verdade, esta é a realidade! E se a Sr.ª Deputada quer entrar um bocadinho numa lógica de canal
História, deixe-me que lhe diga que, nesses anos, quando tudo estava muito difícil, quando era necessário cortar
em todo o lado,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … houve um ministério onde não se cortou, pelo contrário, houve um
ministério onde se manteve sempre o aumento, que foi o Ministério da Administração Interna, e muito bem,
porque é preciso fazer opções e é preciso ter prioridades.
De resto, é a história dos mais liberais e dos menos liberais. E digo-lhe uma coisa, Sr.ª Deputada, eu não
sou liberal, nunca fui nem quero ser, mas há algo com que todos devíamos concordar: a área que devia ser
prioritária e onde não devíamos cortar é a da função de soberania e de segurança dos portugueses.
Por isso, é estranho que eles estejam tão descontentes, que eles estejam tão esquecidos e se sintam tão
humilhados e tão revoltados.