31 DE OUTUBRO DE 2018
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP) — Se acusam o Orçamento de ser eleitoralista e de não resolver os problemas,
imagine-se o que diriam se o Orçamento, contrariando os ditames de Bruxelas, aumentasse o investimento
público para os resolver.
Qual é, afinal, a oportunidade que o PSD e o CDS dizem que se está a perder e qual é a alternativa que têm
para oferecer?
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Privatizar!
O Sr. António Filipe (PCP) — Se o Orçamento restringisse ainda mais o investimento público e obtivesse
mesmo um superavit orçamental, acusá-lo-iam de não resolver os problemas nacionais. Se o Orçamento
aumentasse o investimento público, diriam que o diabo também veste Prada e não tardaria a bater à porta.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP) — A alternativa que o PSD e o CDS têm para oferecer sabemos muito bem qual
é. Não por qualquer processo de intenções, mas por experiência feita. São cortes definitivos de salários e de
pensões, redução de prestações sociais, aumento da carga fiscal sobre quem trabalha, benefícios fiscais para
os mais ricos, aumento da exploração dos trabalhadores, penalização das micro, pequenas e médias empresas,
privatizações e degradação de serviços públicos.
O que tanto irrita o PSD e o CDS não são as insuficiências da proposta de Orçamento do Estado. Não é o
que não está lá. O que preocupa o PSD e o CDS são os avanços que esta proposta incorpora.
Aplausos do PCP.
O PSD e o CDS não ousam criticar abertamente o terceiro aumento consecutivo das pensões e reformas, o
aumento do abono de família e do apoio aos desempregados, o alargamento da gratuitidade dos manuais
escolares, a extinção do pagamento especial por conta, a redução dos custos da energia ou dos transportes.
Os Srs. Deputados do PSD e do CDS não ousam criticar abertamente os aspetos socialmente positivos da
proposta de Orçamento, mas procuram confundir e menorizar o seu conteúdo, e bem se percebe porquê. É que
os avanços que se verificaram nestes três anos e que esperamos que prossigam em 2019 em matéria de
reposição de direitos e rendimentos desmentem categoricamente as falsas inevitabilidades com que andaram
mais de quatro anos a ludibriar os portugueses e tornam claro que os trabalhadores e as populações que
protestam, com razão, contra o atual Governo fazem-no porque lutam pelos seus direitos e não porque tenham
saudades dos Governos PSD e CDS, de má memória.
Aplausos do PCP.
Entretanto, assumiu a presidência a Vice-Presidente Teresa Caeiro.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, a Mesa não registou inscrições para pedidos de esclarecimento ao Sr.
Deputado António Filipe.
Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Ministra da Cultura, Graça Fonseca.
A Sr.ª Ministra da Cultura (Graça Fonseca): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A medida de sucesso
de uma sociedade funda-se, em grande parte, na cultura, sem a qual qualquer projeto político fica incompleto.
Neste sentido, o investimento na cultura e na criação artística, por cujo reforço nos temos pautado, é uma oferta
para o futuro.
Nos últimos três anos, este Governo desenvolveu uma estratégia integrada para a cultura, afirmando a cultura
enquanto fator de desenvolvimento social, das comunidades, dos públicos e dos agentes culturais. A cultura
entendida não apenas como o que acontece no Ministério da Cultura, por cujo regresso somos responsáveis,