I SÉRIE — NÚMERO 19
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mas como área governativa em diálogo com a educação e a ciência, com a inovação e a economia e que se
projeta para além das fronteiras do Palácio da Ajuda, para todo o território nacional, para a Europa e para o
mundo.
Integrar e articular cultura, inovação e educação é fundamental, não apenas — e já seria muito! — para
construir uma sociedade mais coesa, mas também para dar resposta às práticas culturais modernas, aos
desafios futuros da formação e da capacitação das novas gerações, no apoio e promoção dos agentes culturais,
na interligação das nossas comunidades e das suas gentes, na defesa do nosso património e da nossa
identidade.
É uma abordagem focada na diversificação da produção e do acesso à cultura e dos seus públicos, que lê
os sinais transformadores de uma sociedade que não contemporiza com métodos desajustados aos desafios da
criatividade e da inovação, que reconhece que a cultura tem impactos sociais e económicos que não se esgotam
na sua fruição, antes são a base de uma sociedade moderna.
Juntos, e num esforço de articulação transversal ao Governo, a cultura é hoje protagonista de uma política
cultural que não estabelece fronteiras entre a criação artística e o desenvolvimento e social.
E assim prosseguiremos, trabalhando intersetorialmente e em rede, alargando e aprofundando o diálogo com
todos os agentes culturais, sempre com mais investimento público em cultura.
E os números não enganam.
Em sentido inverso ao desinvestimento que pautou a política do anterior Governo, que cortou 35% no
orçamento para a cultura ao longo do seu mandato, reduzindo-a, não esqueçamos, a uma Secretaria de Estado,
nesta Legislatura o orçamento para a cultura aumentou 38%.
E este orçamento para 2019 tem o maior crescimento para a cultura, com um aumento de 13% face a 2018.
Aplausos do PS.
Este orçamento prevê mais investimento e consolidação das estruturas públicas da cultura, mais apoio às
artes, à criação artística e à valorização do património, prevê mais medidas de democratização do acesso à
cultura, merecendo particular destaque a redução do IVA, nos espetáculos culturais, de 13% para 6%.
No apoio às artes, o investimento ultrapassou o patamar de 2009, atingindo, com a proposta de Orçamento
do Estado que aqui se discute, hoje, 23,8 milhões de euros. Este montante global de apoios corresponde a um
aumento de 74% em relação a 2015 no que respeita a verbas atribuídas à Direção-Geral das Artes para a
multiplicidade de disciplinas apoiadas por esta instituição.
A revisão dos modelos de apoio às artes é uma das questões fundamentais que vamos discutir com base no
trabalho que foi realizado e entregue por um grupo de trabalho que reuniu com representantes de cerca de 900
agentes culturais — essa é uma discussão que prosseguiremos, com prioridade, ao longo do próximo mês.
Nesta área, é também muito importante realçar o lançamento do fundo público de aquisição de arte pública
contemporânea. Vamos fazê-lo também, mais uma vez, em articulação com os municípios e com as várias
instituições. E é fundamental sabermos interligar o que existe a partir daquilo que é a política pública de cultura
a nível central e aquilo que existe a nível de cada um dos municípios.
Também nesta dimensão, o Plano Nacional das Artes, em ligação com o Ministério da Educação, vai começar
a ser implementado no próximo ano. Tem como ambição garantir o acesso continuado das nossas crianças, nas
nossas escolas, a experiências estéticas e artísticas, contribuindo para que desenvolvam competências e
qualificações criativas tão necessárias numa sociedade que se quer mais justa e inclusiva.
Cultura e Educação, juntos, sublinham a importância de uma aprendizagem inclusiva, onde a arte é um fator
de estímulo, de integração e de afirmação de uma política educativa mais próxima da criação artística, do perfil
do aluno e das oportunidades que o ambiente escolar, a cultura e as famílias podem aproveitar.
Esta é uma das grandes apostas de políticas públicas para a cultura. Como o é, também, o compromisso
com o aprofundamento da autonomia dos museus e dos monumentos nacionais, que iremos prosseguir já no
ano de 2019. A autonomia destes equipamentos é fundamental para a prossecução dos seus objetivos e
assenta, aliás, numa justa reivindicação do setor. Trabalharemos para ir o mais longe possível no atual quadro
legislativo.
E não esquecemos os problemas concretos destes equipamentos. O programa Vigilância Mais, coordenado
pelo Ministério da Administração Interna e previsto neste Orçamento do Estado, prevê a afetação de vigilantes