I SÉRIE — NÚMERO 21
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segurança social pública e universal, a garantia de que nenhum pensionista fica para trás assim que necessite
de aceder à sua reforma.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — É por isso que o Partido Socialista apresentou não só as suas medidas
em seio de Orçamento do Estado para eliminar o fator de sustentabilidade, para garantir a melhoria das
condições de acesso ao sistema de pensões e a trabalhadores específicos — como é o caso dos trabalhadores
das pedreiras, que teremos tempo ainda de discutir noutros artigos —, mas também para garantir que nenhum
pensionista é prejudicado com algumas das propostas que possam ser lidas nesse sentido. Nesse sentido, o
Governo apresentou um regime de antecipação da reforma, eliminando o fator de sustentabilidade para
pensionistas com 60 anos de idade e 40 anos de carreira contributiva. Este é um extraordinário compromisso
com os nossos pensionistas e, portanto, mostra-se imprescindível salvaguardar que, com esse compromisso,
não colocamos em causa os direitos dos pensionistas que não reúnam as condições deste novo regime proposto
pelo Governo e garantimos que a esses se continua a aplicar o regime de flexibilização atualmente em vigor.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Joana Barata Lopes, do PSD.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Sr. Presidente, a equidade intergeracional, nomeadamente no que diz
respeito à sustentabilidade da segurança social, não dá votos imediatos nem grandes títulos nos jornais. Mas o
PSD exigiu-a, exigi-la-á e insistirá sempre na sua discussão. Insistimos, porque defender o sistema público de
segurança social depende do contrato de confiança que se estabelece entre gerações.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Esta foi uma confiança constantemente quebrada sempre que deu
jeito ou votos. Vão remendando o problema, reduzindo os benefícios nas pensões futuras, nas gerações futuras
que hoje contribuem.
Protestos do BE.
É que essas gerações, como não sentem no imediato, não pesam no custo dos votos!
Para dissimular ainda mais o efeito e este efetivo desprezo pela equidade intergeracional, associaram à
sustentabilidade da segurança social a vergonhosa narrativa da guerra entre gerações, insinuando que algum
português, algum neto ou algum avô só estaria preocupado com a sua pensão e não com a pensão do outro.
Foi isso que disseram e foi uma vergonha!
Protestos do Deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro.
Mas no PSD não nos condicionamos por fantasmas ideológicos instrumentais. No PSD, a verdade pega-se
de caras e sem falsos velcros propagandísticos. No passado, a maioria que agora governa rejeitou discutir a
sustentabilidade de forma isenta e aberta. Rejeitaram a transparência.
Aquilo que agora propomos é ainda mais claro: queremos um capítulo próprio para a equidade intergeracional
no relatório de sustentabilidade que acompanha o Orçamento do Estado. Queremos que cada português possa
tirar, então, a sua conclusão, Srs. Deputados, porque não aceitamos que alguém em Portugal diga: «Já estou
há espera que não haja dinheiro para pagar a minha reforma!». Fomos eleitos para assumir os problemas e para
os resolver, independentemente dos votos imediatos.
Se hoje esse capítulo existisse, diria, por exemplo, e na melhor das hipóteses, que alguém com 34 anos de
idade já não teria sequer reforma, nem no Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social. E se é assim
neste tempo otimista, o que será quando chegar a pré-anunciada «crise Mortágua»?