29 DE NOVEMBRO DE 2018
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O Sr. Jorge Costa (BE): — Sr. Presidente, o Governo inscreveu no Orçamento do Estado o alargamento da
CESE aos produtores das energias renováveis e contabilizou em 30 milhões de euros a receita prevista dessa
contribuição. Mas a proposta de lei manteve a isenção das centrais atribuídas por concurso, e isso é um buraco
por onde escapará metade desta receita prevista.
O Bloco alertou o Governo para este buraco. O Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética veio aqui
ao Parlamento prometer que corrigiria essa falha na proposta. Era intenção do Governo cumprir os 30 milhões
de euros de receita de CESE que previu, mas a única proposta que continua em cima da mesa para que esse
erro seja corrigido e para que a receita possa ser de 30 milhões de euros, como previsto pelo Governo, é a
proposta do Bloco de Esquerda.
Portanto, o Partido Socialista tem de saber se cumpre o seu compromisso de aprovar uma modesta
contribuição do setor renovável ou se vota para manter um buraco que leva metade da receita prevista e mostra
que o Governo, afinal, nunca quis cobrar os 30 milhões de euros que inscreveu no Orçamento.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Ainda sobre o artigo 255.º da proposta de lei, tem a palavra o Sr.
Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado
Emídio Guerreiro, confesso-lhe que tenho passado largas horas aqui, ao longo dos últimos dois dias, com gosto,
mas há uma parte que, confesso, não faço com gosto, que é estar a ouvir sistematicamente uma ideia e uma
adjetivação de mentira, de mentira, de mentira.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado, vamos por os pontos nos ii. Desafio o Sr. Deputado — vocês são tão clientes das agências de
clipping — a identificar uma declaração de algum membro do Governo a anunciar qualquer redução da taxa de
IVA da eletricidade! Uma, Sr. Deputado! O Governo nunca manifestou essa intenção. Aquilo que dizemos
cumprimos.
Na preparação deste Orçamento do Estado, quanto à tributação da energia, somos muito claros naquilo que
estamos a propor. Propomos uma autorização legislativa para que possamos diminuir uma componente da
fatura da eletricidade, que é a componente fixa, diminuindo assim, na totalidade, o peso dos impostos entre 10
e 20%.
O Sr. Deputado fala hoje da CESE e da necessidade de sustentabilidade das injeções do défice tarifário. Sr.
Deputado, não gosto de fazer isto mas, infelizmente, tenho de dizer-lhe que, durante o outro Governo, não houve
um euro da CESE que fosse revertido para o fundo de sustentabilidade do sistema energético! Um euro, Sr.
Deputado!
Aplausos do PS.
E o Sr. Secretário de Estado João Leão, que os senhores aqui repetidamente acusam de cativador — não o
cativador mor, porque de cativador mor acusam o Sr. Ministro das Finanças —, foi mesmo o único Secretário de
Estado do Orçamento que aprovou a transferência de verbas de acesso para o fundo de sustentabilidade do
setor energético, Sr. Deputado.
Neste ano, entre as verbas do fundo ambiental e as verbas da CESE, vamos transferir, adicionalmente àquilo
que a ERSE tinha feito nos seus cálculos, 190 milhões de euros. Sabe porquê, Sr. Deputado? Porque estamos
a criar as condições para a sustentabilidade desta medida, para que a CESE seja paga todos os anos, Sr.
Deputado. É isso que estamos a fazer, é esse o nosso compromisso e esperamos cumprir esse mesmo
compromisso.
Srs. Deputados, sobre mentira e falsidade estamos absolutamente conversados.
Sr. Deputado Jorge Costa, com todo o apreço que tenho por si, temos um longo processo de trabalho, que
não irei referir publicamente, que é muito importante.