6 DE DEZEMBRO DE 2018
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — O quê?
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Mais, em segundo lugar, há uma observação que não
resistimos a fazer: é que se esta matéria da caducidade das convenções coletivas era assim tão importante, tão,
tão, tão importante, por que razão é que nem o Bloco de Esquerda nem o PCP negociaram com o Partido
Socialista, quando deram apoio ao Governo do Partido Socialista, para que essa matéria constasse e se
tornasse parte daquilo que esse acordo obrigaria, obviamente, a aprovar?!
Protestos do BE, do PCP e de Os Verdes.
Mais, mesmo que essa matéria não estivesse nesse mesmo acordo, há uma semana atrás, os senhores
estiveram aqui a votar o Orçamento apresentado pelo Partido Socialista e votaram-no a favor. Por que razão é
que não colocaram como condição para a aprovação do Orçamento a alteração desta mesma legislação?!
Por isso é que a única conclusão que podemos retirar das iniciativas que estes dois partidos agora
apresentam é que elas se destinam a iludir a CGTP, a iludir os trabalhadores, dando a ideia de que tencionam
fazer alguma coisa quando, na realidade, nunca colocaram como condição estas iniciativas para aquela que
seria a aprovação de qualquer um dos outros atos que os senhores bem sabem que têm vindo a aprovar.
Quanto à posição do CDS relativamente à caducidade das convenções coletivas, do mesmo modo que as
iniciativas do Bloco de Esquerda e do PCP não mudaram, a posição do CDS também não mudou, como é
evidente, e sabemos que a legislação laboral que atualmente está em vigor resulta de um acordo em
concertação social, tem permitido a recuperação do emprego e, mais, tem, inclusivamente, permitido o aumento
do número de convenções coletivas que vieram a ser celebradas.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, que fique claro o seguinte: não contam com o CDS…
Vozes do BE: — Ah! Isso já se sabe!
Vozes do PCP: — Ah!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — … para pôr em causa a concertação social, e aquilo que os
senhores pretendem com estas iniciativas legislativas é, precisamente, pôr em causa a concertação social,
fazendo entrar «pela porta do cavalo» aquilo que os senhores não conseguem,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — … não sabem negociar nessa concertação social para chegar
a um acordo, como deveria ser feito em torno destas matérias de natureza laboral.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do PS, a Sr.ª Deputada Sofia Araújo.
A Sr.ª Sofia Araújo (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começo por saudar todas as trabalhadoras e
trabalhadores, tal como os peticionários e a delegação da CGTP que aqui se encontram. Queria saudar,
igualmente, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português pelas iniciativas apresentadas.
No que respeita às matérias hoje em debate, as posições do Partido Socialista são bem conhecidas e têm
sido sempre coerentes. Privilegiamos o diálogo social e os processos negociais, sublinhando a importância das
organizações sindicais e patronais na concretização do princípio constitucionalmente previsto na contratação
coletiva.
Ao longo destes três anos de governação socialista, a contratação coletiva foi desbloqueada e desenvolvida,
respeitando-se e valorizando-se o espaço negocial e os parceiros sociais, quer na negociação bipartida, quer
na negociação tripartida. Não esquecemos que recebemos uma situação que teve o seu apogeu negativo em