I SÉRIE — NÚMERO 31
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É, por isso, necessário gerar e fixar a ambição política de não aumentar em mais de 1,5 °C a temperatura
média do planeta. Foi esse o sinal de urgência para a tomada de medidas que a Conferência das Partes da
Convenção-Quadro para as Alterações Climáticas realizada na Polónia não deu.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas refere que, pelo que se tem demonstrado e,
designadamente, pelo ritmo praticado, não é fácil atingir aquele objetivo, mas não é impossível atingi-lo. No
entanto, não vamos conseguir atingi-lo com atitudes como, por exemplo, a dos Estados Unidos da América, que
recusaram associar-se ao Acordo de Paris e que procuram iludir e classificar os combustíveis fósseis como
fontes de energia limpa, o que é absolutamente caricato.
Sr.as e Srs. Deputados, o mundo precisa de medidas urgentes e sabemos que o combate às alterações
climáticas é um problema global que requer respostas locais.
É por isso que, em Portugal, Os Verdes continuarão a bater-se por mais investimento para atingir resultados
relativamente às alterações climáticas, quer na componente da nossa adaptação quer na componente da sua
mitigação. Justamente nesta última componente, procuraremos incentivar e reivindicar no sentido de a produção
de energia ser totalmente adveniente de fontes renováveis, pelo menos a partir de 2050.
Temos essa responsabilidade. Não podemos falar da descarbonização da nossa economia só do ponto de
vista teórico e através de alguns documentos que se vão produzindo, são necessários investimentos concretos
para que as medidas possam ser implementadas.
Consideramos ainda que, do ponto de vista energético, é fundamental dar prioridade à produção de
eletricidade descentralizada e de base local para autoconsumo e também à eficiência e à poupança energética
no sistema elétrico, de modo global.
Por outro lado, nós, Os Verdes, não consideramos que a transição, digamos assim, no que à mobilidade diz
respeito, tão fundamental para esta matéria, se dê do carro que consome combustíveis fósseis para o carro
elétrico, porque o futuro está, de facto, na aposta na mobilidade coletiva e ativa.
Nesse sentido, é fundamental investir numa rede de transportes públicos adequada às necessidades dos
cidadãos, quer do ponto de vista rodoviário, quer do ponto de vista fluvial, quer do ponto de vista ferroviário —
que é um setor fundamental —, para que, de facto, as pessoas possam fazer a opção de largar o transporte
individual nos seus movimentos pendulares e associar-se à utilização do transporte coletivo, desde que este
seja, efetivamente, útil.
Por outro lado, é fundamental também adotar práticas agrícolas mais sustentáveis, mas não como o Sr.
Ministro do Ambiente vem anunciando, no sentido de baixar a produção pecuária no País, levando a acreditar
que aquilo que vai acontecer, tendo em conta os níveis de consumo, é um alargamento da importação neste
setor. Esta não é, de facto, uma solução adequada ao problema global que foi criado.
Precisamos de soluções mais sustentáveis, que reduzam a pegada ecológica, seja do ponto de vista das
atitudes individuais, seja do ponto de vista das atitudes económicas, e, nesse sentido, precisamos de uma
produção local mais sustentável para um consumo local também mais sustentável.
Sr.as e Srs. Deputados, estes são alguns exemplos de propostas pelas quais Os Verdes se têm batido e
continuarão a bater-se — e vou mesmo terminar, Sr.ª Presidente —, no sentido de garantir investimentos
necessários para salvar este planeta, com condições para nos acolher e uma riqueza biológica única.
Muito obrigada pela tolerância, Sr.ª Presidente.
Aplausos de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, a Mesa regista as inscrições de cinco
Srs. Deputados para pedir esclarecimentos. Como pretende responder?
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Em conjunto, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem, desde já, a palavra o Sr. Deputado Luís Vilhena, do Partido
Socialista, para pedir esclarecimentos.
O Sr. Luís Vilhena (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, sobre Katowice e a COP24, começava
por dizer que, um dia, quando os economistas substituírem a expressão «crescimento económico» por