I SÉRIE — NÚMERO 49
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira terminar.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, com isto termino: é preciso que acabe a penalização do
fator de sustentabilidade.
Já o propusemos no Orçamento, foi chumbado pelo PSD, pelo CDS e pelo PS. É absurdo e é injusto que se
mantenha o corte de sustentabilidade! Estes trabalhadores não estão a pedir uma pensão antecipada, têm a
antecipação da sua idade legal de reforma porque a lei lhes confere esse direito e é esse o objetivo do projeto
de lei que o Bloco hoje apresenta.
Façamos justiça a estes trabalhadores, a estes homens que aqui estão e aos milhares que representam e
que esperam deste Parlamento esta decisão.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira, do Partido Ecologista «Os Verdes».
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Como todos
certamente reconheceremos, a vida de trabalho em pedreiras é revestida de grande dureza e muito equiparada
ao trabalho dos mineiros. Seja em minas a céu aberto ou em galeria, o trabalho é invariavelmente árduo e sujeito
a um risco efetivo.
De facto, tal como os mineiros, os trabalhadores das pedreiras estão expostos a um conjunto de fatores que
constituem perigos elevados com enormes impactos para a sua saúde e que implicam uma consequente
redução da esperança de vida.
Mas para além do trabalho duro, estes profissionais das pedreiras, muitos deles, aliás, em situações laborais
absolutamente precárias, estão ainda sujeitos a ritmos de trabalho intenso, a cargas horárias excessivas e
abusivas, contribuindo para o seu desgaste físico e psicológico e com implicações para a sua saúde.
Mas, mais: em todos os ciclos que envolvem esta atividade, os trabalhadores das pedreiras estão expostos
diariamente ao ruído, às vibrações, aos explosivos, aos desmoronamentos, a poeiras, a esforços demasiados e
a riscos que aumentam e reforçam a probabilidade a médio e longo prazo da ocorrência de um conjunto de
doenças profissionais.
O mais grave é que estas doenças profissionais, nomeadamente as doenças de cariz respiratório, tendem a
verificar-se em trabalhadores cada vez mais novos pela acumulação de resíduos nos pulmões, mas também as
doenças relacionadas com o desgaste nas articulações, com problemas de coluna e com a perda de audição e
de visão. Isso para além da intensidade das doenças, que geram muitas vezes uma morte precoce destes
trabalhadores.
Não se estranha, por isso, que já há vários anos estes trabalhadores e as suas organizações tenham vindo
a lutar pela antecipação da sua idade de reforma.
Embora o trabalho das pedreiras seja reconhecido por variadíssimos estudos como penoso e como uma
profissão de desgaste rápido, com características similares àquele que é desenvolvido pelos trabalhadores das
minas e, até, como conduzindo com frequência a situações graves de doença, só recentemente, no âmbito do
Orçamento do Estado para 2019 — e também com o contributo de Os Verdes —, estes trabalhadores passaram
a estar abrangidos pelo regime especial de acesso às pensões de invalidez e de velhice dos trabalhadores do
interior ou da lavra subterrânea das minas.
Ainda assim, e apesar da integração no regime especial de acesso às pensões de invalidez e de velhice, há
muito reivindicada por estes trabalhadores, ficou por resolver o problema da penalização que decorre do fator
de sustentabilidade. Trata-se de uma penalização, que, a nosso ver, é de toda a justiça remover, sendo
exatamente nesse sentido que aponta o projeto de lei de Os Verdes: eliminar o fator de sustentabilidade aplicável
a este regime especial.
Propomos, assim, remover esta injustiça e, ao mesmo tempo, dar resposta aos objetivos da petição que
também estamos a discutir e cujos subscritores, em nome de Os Verdes, aproveito para saudar, particularmente