8 DE FEVEREIRO DE 2019
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os trabalhadores das pedreiras, que hoje aqui se encontram a acompanhar os trabalhos, que dinamizaram esta
petição e que motivou este agendamento.
Aplausos de Os Verdes, do BE e do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Prosseguimos com a intervenção do Sr. Deputado Luís Vales,
do PSD.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Vales (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Discutimos hoje a Petição n.º
335/XIII/2.ª, através da qual mais de 4100 cidadãos solicitaram a esta Assembleia a definição de reformas justas
e o reconhecimento da profissão de pedreiro como de desgaste rápido.
Antes de mais, quero, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, saudar a forma empenhada, resiliente e
corajosa como os pedreiros da região do Tâmega e Sousa, presentes nestas galerias, se bateram por esta
causa.
De facto, estes homens, que todos os dias trabalham em condições desgastantes e com enorme custo para
a sua saúde, viram, em sede de Orçamento do Estado para 2019, as suas pretensões atendidas por iniciativa
do PSD.
Risos do Deputado do PCP Jorge Machado.
Pode bem o Partido Socialista vir aqui defender que foi o Governo a inscrever esta questão no Orçamento,
mas, sendo intelectualmente honestos, saberão que se tratava de um logro, porque o Governo apenas queria
que fossem abrangidos os pedreiros da extração da pedra, o que iria abranger algumas centenas de
trabalhadores no nosso País, ou seja, uma clara minoria face ao universo total de profissionais da pedra!
Ao contrário daquilo que o Bloco de Esquerda aqui disse, foi exatamente contra este logro que o PSD se
insurgiu e apresentou uma alteração ao Orçamento do Estado onde incluiu os pedreiros da transformação
primária da pedra.
Aplausos do PSD.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Tenha vergonha!
O Sr. Luís Vales (PSD): — Em boa hora o fez, porque permitiu que milhares de profissionais possam hoje
aceder antecipadamente às pensões de invalidez e de velhice. Isto é, a idade normal de reforma foi reduzida
em um ano por cada dois anos de trabalho.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, nunca é demais olharmos para estes profissionais. Sendo eu da região
do Tâmega e Sousa, conheço de perto as condições de trabalho destes profissionais e os problemas de saúde
que têm, nomeadamente os problemas respiratórios devido à silicose.
Esta doença é altamente incapacitante e geradora de grande sofrimento para os seus portadores. Penafiel e
Marco de Canaveses são dos concelhos onde a incidência de tuberculose é mais assinalável e, curiosamente,
são dois concelhos onde esta atividade está muito presente.
Estes trabalhadores estão expostos a elevados níveis de ruído que, com os anos, podem conduzir a graves
problemas de audição, já para não falar dos acidentes de trabalho que, nesta profissão, são muito superiores
aos das restantes.
Mas há mais! Também as famílias destes profissionais sofrem com a incapacidade que estes trabalhadores
apresentam em idades muito precoces.
O Sr. João Dias (PCP): — Só agora é que sofrem?! Dantes não sofriam?!
O Sr. Luís Vales (PSD): — Os filhos e as mulheres destes profissionais acabam por ser cuidadores informais
e, como família, sofrem por ver os seus entes queridos, também eles, a sofrer.