I SÉRIE — NÚMERO 61
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processuais mais garantísticos para as vítimas, nomeadamente que os agressores passem a ser julgados, em
regra, por um tribunal coletivo e que fiquem sob a alçada dos crimes aos quais pode aplicar-se a prisão
preventiva em razão da pena.
Sr.as e Srs. Deputados, é este o nosso contributo para a luta, não para o luto. É este o nosso contributo para
um debate sério e o mais alargado possível. O que pergunto à Sr.ª Deputada é se não considera pertinentes
estas propostas do PSD, que são propostas abertas, às quais se somam, naturalmente, com muito agrado,
agora, as vossas, sobretudo no dia de hoje, em que ouvimos, de manhã, a Sr.ª Ministra da Justiça a dizer que
o Governo está a trabalhar na identificação das necessidades de informação e articulação entre as várias
entidades e está a estudar a formação conjunta…
O Sr. Presidente (José Matos Correia): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
… das magistraturas e a avaliar a necessidade de intervenção nos conteúdos de formação, quando todos já
sabemos que entidades são as que necessitam de articulação e quando todos já percebemos que a formação
dos magistrados é insuficiente e inadequada. Aliás, o País todo já percebeu que a formação dos magistrados
necessita de ser revista e alterada. Só a Ministra da Justiça é que ainda não sabe disso.
Aplausos do PSD.
Protestos da Deputada do BE Isabel Pires.
O Sr. Presidente (José Matos Correia): — Tem a palavra, para responder, a Sr.ª Deputada Vânia Dias da
Silva.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Sandra Pereira, muito obrigada pelas
questões que aqui me deixou.
A questão da violência doméstica é, obviamente, uma questão muitíssimo importante e que tem de ser
debatida exaustivamente entre todos. É fundamental que todos olhemos para o problema, olhemos para as
soluções que estão à nossa frente e percebamos aquilo que é possível fazer.
Há nas propostas do PSD algumas com as quais o CDS concorda, naturalmente, sendo algumas delas até
coincidentes. Há outras com as quais não estamos em concordância, mas estamos dispostos, naturalmente, a
olhar para elas, para vermos o que é que pode ser aproveitado de cada uma e perceber aquilo que é mais
importante fazer de imediato.
Sr.ª Deputada, digo-lhe aquilo que já disse à Sr.ª Deputada Sandra Cunha, ainda há pouco: entendemos
que, de facto, a legislação penal precisa de uma revisão de fio a pavio. É fundamental que toda a legislação
penal seja vista de uma forma integrada e transversal.
Vamos perto das 50 alterações, quer ao Código Penal, quer ao Código de Processo Penal. É muito!
Entretanto, a sociedade alterou-se imenso, as realidades são outras, as dinâmicas são outras e, portanto, faz
falta olharmos de forma sistemática para a legislação penal. E esse é um dos projetos que tínhamos neste
pacote da justiça que há de ser votado daqui a dias.
Entendemos que é prioritário que isto seja feito. Não obstante, há matérias tão urgentes e tão candentes que,
obviamente, têm de ser vistas com todo o cuidado, com toda a cautela. Portanto, estamos, obviamente,
disponíveis para isso mesmo, dizendo, de resto, que temos muita pena que os outros partidos nesta Câmara
não tenham estado dispostos a apresentar as suas propostas na área da justiça,…
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — … numa área maior, que abrange a questão da violência doméstica
mas não só.