I SÉRIE — NÚMERO 61
28
Sr. Deputado, quero dizer-lhe ainda que a lista vermelha de que hoje falávamos com a Sr.ª Ministra não se
transformou nem em verde, nem em cor-de-rosa, nem em coisa nenhuma, transformou-se antes numa lista
negra. A lista está cada vez pior!
Vozes do PS: — Eh!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — A Sr.ª Ministra da Justiça não respondeu a rigorosamente nenhuma
das perguntas que lhe deixei, hoje de manhã.
Aplausos do CDS-PP.
Devo dizer-lhe, Sr. Deputado, que o que era realmente importante fazer não está feito. Quer que lhe diga o
que é? Tornar mais acessível a justiça constitucional; tratar da prevenção e da investigação da corrupção com
capacitação da PJ (Polícia Judiciária); assegurar cuidados de saúde e reformar a formação nas prisões;
conselho de concertação do sistema judicial; gabinetes de assessoria jurídicas;…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Zero!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — … alargamento da competência e da rede de julgados de paz;
simplificação processual, com redução de atos processuais redundantes; avaliação da possibilidade de
alteração das regras de produção de prova, etc., etc., etc., etc.
O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Precisávamos de uma hora!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Deputado, a todas estas perguntas que fiz à Sr.ª Ministra obtive
zero respostas. Sabe porquê? Porque também a atividade do Governo, em matéria de justiça, foi zero!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — A palavra agora é da Sr.ª Deputada Sandra Cunha, do Bloco
de Esquerda, para mais um pedido de esclarecimento.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, ainda há pouco mais de
um mês, nesta Casa, várias bancadas, incluindo a bancada do CDS, defenderam com toda a veemência que
não era necessária qualquer alteração à lei, qualquer previsão ou acolhimento legal em matéria de violência
doméstica.
Defenderam que os problemas e as lacunas que a equipa do GREVIO (Grupo de Peritos sobre o Combate
à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica) registou, no seu relatório de avaliação de aplicação da
Convenção de Istambul em Portugal, careciam apenas de ajustamentos em relação aos procedimentos, aos
meios, à formação, mas, enfim, não passavam por alterações à lei.
Há dois ou três meses, o Bloco de Esquerda trouxe aqui vários projetos, tendo estes sido apresentados,
discutidos e votados, bem como várias iniciativas, que pretendiam, precisamente, responder ao problema da
violência doméstica, com alterações à lei. Mas estas foram chumbadas, foram altamente criticadas e fomos
acusados de responder à espuma do momento com medidas populistas, de ceder a pressões sociais. Afinal,
agora, o CDS, mas também o Governo, que já anunciou várias medidas que vão exatamente no mesmo sentido
e que têm o exatamente o mesmo objetivo de várias medidas que o Bloco de Esquerda apresentou, vêm dizer
que é preciso alterar a lei.
Também o PSD vem apresentar as mesmas medidas que o Bloco de Esquerda havia apresentado e que
chumbou há dois ou três meses, com a argumentação de que não era necessário proceder a alterações à lei.
Afinal, agora, dois ou três meses depois, apresentam as mesmas medidas.
O CDS, pelos vistos, vem agora, também, anunciar que vai apresentar alterações ao Código Penal, algo que,
há dois ou três meses e ainda no dia 30 de janeiro, era completamente impensável.