I SÉRIE — NÚMERO 61
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A montante: no trabalho fundamental da prevenção e da deteção de risco, propondo que o Governo replique
por todos os comandos metropolitanos e distritais da PSP e comandos territoriais da GNR o modelo do gabinete
de apoio à vítima de violência doméstica do Comando Distrital da PSP do Porto, que é uma experiência de
sucesso. Esse gabinete acompanha as vítimas em todo o processo em que a identificação do risco é feita, a par
e passo, com o Ministério Público, que tem duas magistradas dedicadas, a tempo integral, apenas e só a esta
matéria e com resposta 24 sobre 24 horas. Este é um modelo que tem funcionado bem e que, portanto, vale a
pena copiar.
A jusante: com uma alteração simples e pontual no Código Penal, que passará a classificar os crimes de
ameaça e coação como crimes públicos, insuscetíveis de desistência de queixa, mesmo quando a coação é
exercida sobre marido e mulher, descendentes ou ascendentes, e, ainda, a obrigatoriedade de inclusão de
módulos específicos de formação inicial e contínua para magistrados.
Aplausos do CDS-PP.
Na área da violência doméstica, temos, felizmente, a companhia de todos os outros partidos, pelo que
esperamos que, ao menos aqui, Sr.as e Srs. Deputados, o esgrimir de argumentos possa trazer alguma luz ao
problema, sem cegueiras ideológicas ou chumbos canhestros.
No mais, a sorte das propostas do CDS será aquela que lhes quiserem dar as Sr.as e os Srs. Deputados
daqui a dias, quando, finalmente, as votarmos. E aí ficará claro ao que vem cada um de nós e qual o real
interesse que cada um de nós tem sobre um consenso para a justiça.
Dizia o Sr. Presidente da República, em 2016, quando lançou um repto para um pacto de regime a que a
maioria não soube ou não quis dar resposta, que, entre os vários desafios que a justiça enfrenta, o «primeiro e
mais difícil» é o desafio de «querermos» continuar a lutar por ela, «num tempo que convida a capitular ou a
ceder».
O CDS cumpriu o seu papel: reuniu, estudou, propôs e até, veja-se só, esperou pela maioria. Não capitulou,
nem cedeu. Mas a ausência dos demais partidos ignorou o trabalho dos operadores judiciários e impediu o pacto
de regime que se impunha.
Cumprimos o nosso desígnio de sermos uma oposição vigilante mas também um partido de alternativa e de
iniciativa. Já a maioria, à reforma da justiça, disse nada.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, a Mesa registou a inscrição,
para pedir esclarecimentos, de três Srs. Deputados.
Quer informar a Mesa de como pretende responder?
A Sr.ª VâniaDiasdaSilva (CDS-PP): — Um a um, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra, em primeiro lugar,
o Sr. Deputado António Filipe, do PCP.
O Sr. AntónioFilipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, divido as questões que
lhe quero colocar em duas partes.
Na primeira parte, quero salientar que a Sr.ª Deputada fez um exercício de alguma lamúria, permita-me a
expressão. Lamentou que tenham sido remetidos, com baixa à Comissão para nova apreciação, projetos de lei
do CDS, que passou muito tempo e que não tiveram nova apreciação. Portanto, o CDS pretende que eles sejam
discutidos e votados.
É um direito que assiste ao CDS que as suas iniciativas que baixaram à Comissão para nova apreciação
sejam efetivamente discutidas e votadas. É um direito que tem e, normalmente, compete aos proponentes, ou
seja, são os próprios proponentes que tomam a iniciativa de discutir e votar os seus diplomas que baixaram à
Comissão.